O líder do PSD, deputado Marcos Montes (MG), acredita que a tensão política provocada pelos desdobramentos da operação Lava Jato não deve impedir que reformas consideradas importantes pelo partido, como a trabalhista e a da Previdência, sejam aprovadas no Congresso.
“Essa passada a limpo, do ponto de vista ético, é muito importante para o País. E a reforma política também. As duas coisas podem caminhar juntas”, disse Montes.
Para o deputado, a reforma trabalhista pode funcionar como um instrumento para a geração de empregos no País. “É facilitar o empregador, preservando o trabalhador”, disse.
Médico, com especialização em medicina do trabalho, Montes assume a liderança do PSD pela primeira vez, depois de já ter atuado como vice-líder do governo e do próprio PSD.
Leia abaixo a entrevista concedida pelo líder:
Quais são as prioridades do seu partido para o ano de 2017?
Primeiro, será um ano realmente difícil, mas importante. Acho que o Brasil começa a apontar para rumos diferentes. Acho que o governo começa a mostrar a que veio e nós, que somos líderes da base do governo, temos essa responsabilidade de respaldar o governo naquelas medidas que nós acharmos que são importantes para o País. Então, eu acredito que essas medidas, a reforma da Previdência, a reforma trabalhista, a reforma tributária, são pautas fundamentais para o País. E aqui nós vamos discutir, e o nosso partido se debruçará sobre essas matérias para poder ajudar o Brasil.
O senhor acredita que a reforma da Previdência possa ser aprovada ainda neste ano?
Eu acho que, com facilidade, é claro que não. Por isso que ela não foi aprovada até hoje. Ela tem extrema dificuldade de ser analisada, porque aqui é um parlamento diverso, há representatividade de todos os setores, mas todos estão conscientes da profunda necessidade de se alterar realmente a situação em que se encontra o sistema previdenciário brasileiro. Claro que vamos tentar fazê-lo dentro das discussões democráticas e de uma forma que preserve direitos e dê segurança para quem está nesse sistema se aposentar com mais tranquilidade do que atualmente, com esse deficit que está na Previdência.
Quais projetos o partido avalia como prioridades?
Não é o projeto, é o assunto. Eu acho que a Previdência é um deles. A questão da segurança vai calar muito fundo dentro das nossas discussões. Precisamos encontrar um caminho onde as forças representativas da segurança possam realmente mostrar resultado. E algumas decisões importantes podem passar aqui pelo Parlamento. Isso [a segurança pública] é o que tem afetado bastante a sociedade brasileira. E tem essas medidas como a questão da Previdência e a reforma trabalhista, que é um instrumento para diminuir um pouco o desemprego, que já está batendo na casa dos 12 milhões de pessoas. Acho que a reforma trabalhista é um instrumento, ao lado da retomada do crescimento da economia, para a retomada dos empregos. É facilitar o empregador, preservando o trabalhador. Precisamos encontrar essa fórmula: facilitar as contratações e preservar os direitos dos trabalhadores.
É possível pensar em reforma política ainda sob os efeitos dos desdobramentos da operação Lava Jato?
Eu acho que a Lava Jato vai andar paralelamente com o que vai acontecer na Casa. É claro que vai haver um desgaste, é natural que haja, mas é muito importante que isso ocorra no Brasil. Essa passada a limpo, do ponto de vista ético, é muito importante para o País. E a reforma política também é importante para o País. As duas coisas podem caminhar juntas. Precisamos colocar isso a limpo, mostrar quem é quem. Quem poderia imaginar que o Brasil estivesse vivendo esse momento de punição àqueles que erram? Mas não pode ser uma caça às bruxas sem critérios estabelecidos pela Justiça e por aqueles que querem colocar o Brasil no rumo certo.
Fonte: Site da Câmara dos Deputados
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