O relator do processo contra o deputado André Vargas (sem partido-PR), Julio Delgado (PSB-MG), informou que as testemunhas do caso serão ouvidas nos dias 17 e 18 de junho. O doleiro Alberto Youssef será chamado para prestar esclarecimentos.
Vargas responde a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética por ligação com o Youssef, acusado de chefiar um esquema de lavagem de dinheiro bilionário. O doleiro foi preso pela Polícia Federal durante a operação Lava Jato.
O deputado admitiu ter usado um avião emprestado pelo doleiro. Além disso, conversas entre os dois interceptadas pela PF têm indícios de que Vargas teria atuado junto ao Ministério da Saúde para beneficiar Youssef.
Youssef já foi convocado pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras para falar de possíveis irregularidades na estatal ligadas ao esquema de lavagem de dinheiro investigado pela PF.
Segundo Delgado, as informações obtidas pela CPMI só podem ser utilizadas pelo Conselho de Ética da Câmara após autorização da comissão.
Também serão chamados os proprietários do laboratório Labogen, os sócios do laboratório, Leonardo Meirelles e Esdra Ferreira, o presidente do PT, Rui Falcão, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP).
Delgado também quer ouvir o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, que, segundo investigações da PF, se encontrou com o Vargas e o doleiro para discutir contratos do laboratório Labogen.
O quer convidar também Bernardo Tosto, dono da Elite Aviation, empresa dona do jatinho usado por Vargas para viajar de férias com a família em janeiro deste ano. O frete do vôo foi pago por Youssef.
O conselho não tem poder de convocação, pode apenas convidar as testemunhas, o que não obriga o comparecimento do convidado. Após os depoimentos das testemunhas chamadas pelo relator serão marcados os depoimentos das oito testemunhas de defesa indicadas pela defesa de Vargas.
As testemunhas poderão ser convidadas por até duas vezes mas podem não comparecer. O relator terá 40 dias para concluir esta fase da investigação. Depois disso, serão mais dez dias para apresentar o seu relatório que deve conter a punição a Vargas, que vai desde uma advertência até o pedido de cassação do mandato.
Para o relator, é preciso dar celeridade aos depoimentos para que a investigação se conclua dentro do prazo. “Vamos continuar a investigação mesmo durante a Copa do Mundo, é importante entregar o relatório final antes do recesso parlamentar”, defendeu Delgado. O recesso começa dia 18 de julho.
O Conselho de Ética também solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) a cópia dos inquéritos da operação Lava Jato que ligam o deputado para auxiliar na investigação. Segundo o presidente do Conselho, Ricardo Izar (PSD-SP), a Corte deve entregar os autos em até 15 dias.