Integrantes do Conselho que analisa processo contra Cunha pedem convocação de parlamentar aliado do presidente da Câmara citado em reportagem do jornal “Folha de S. Paulo” Divulgação O deputado Vinicius Gurgel (PR-AP), acusado por colegas parlamentares de falsificação ideológica
A suposta falsificação da assinatura de um deputado federal para favorecer Eduardo Cunha (PMDB-RJ) levou integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara a pedirem sua imediata investigação ao Ministério Público Federal e à Procuradoria-Geral da República, nesta quarta-feira (9), em sessão em Brasília. O caso foi revelado em reportagem da Folha de S. Paulo.
De acordo com a apuração do jornal, o deputado Vinicius Gurgel (PR-AP), aliado de Cunha, teve sua assinatura falsificada em um documento no qual renunciava sua cadeira no conselho para impedir que o suplente do parlamentar, de partido aliado ao governo (Ricardo Izar, do PSD-SP), ocupasse sua vaga, evitando mais um voto contra a abertura da ação contra o peemedebista. Com a renúncia, quem assumiu sua vaga foi Maurício Quintella Lessa (PR-AL), favorável à não instalação do processo contra o presidente da Câmara.
O vice-presidente do Conselho de Ética, deputado Sandro Alex (PPS-PR), sugeriu que seja encaminhado à Procuradoria Geral da República (PGR) a denúncia de que houve a adulteração da assinatura do deputado Vinícius Gurgel (PR-AP) na noite da aprovação da continuidade do processo disciplinar contra Cunha. O deputado disse que o colegiado pode ter sido vítima de um crime e que Gurgel precisa se explicar ao grupo.
“Precisamos pedir a clareza dos fatos. Não se pode permitir uma fraude desse tipo aqui na Casa”, disse Alex, que também pediu a abertura de uma sindicância para averiguar se a Secretaria Geral da Mesa-Diretora realmente revisou a assinatura do parlamentar. A reportagem da Folha consultou especialistas para confirmar a suposta falsificação.
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), defendeu a representação na PGR e uma ação contra Gurgel por quebra de decoro parlamentar. “O resultado (da votação) está mantido, mas medidas serão tomadas aqui”, enfatizou ele. “Quero manifestar aqui minha indignação e vergonha se isso se confirmar. Fraudar um documento é algo de fato chocante”, fez coro o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE)
Gurgel chegou por volta das 11h30 à reunião administrativa, após os conselheiros cobrarem sua presença no encontro. E garantiu que assinou, sim, o documento de sua renúncia.