Na Câmara, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tráfico de pessoas no Brasil ouviu nesta terça-feira (21) o depoimento do operário Raimundo Braga de Souza, de 22 anos. Ele disse ter sido vítima de prisão e tortura por conta de uma suposta participação, em março de 2011, do movimento grevista que incendiou parte do canteiro de obras.
O deputado Moreira Mendes (PSD-RO), contudo, criticou a audiência pública. “Isto aqui é mais uma tentativa de desacreditar essas duas grandes obras que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento, que são Santo Antônio e Jirau”, sentenciou.
Demonstrando irritação, disse: “Só aqui na Câmara tivemos umas nove convocações de audiência pública, cada uma enfocando um tema diferente, mas com o mesmo objetivo, o de desacreditar os grandes empreendimentos que têm sido erguidos. Tem que acabar com isso”.
Sobre o depoimento do operário Raimundo Souza, o parlamentar rondoniense disse: “Pareceu-me que ele não mentiu, foi correto, só que esse assunto não era para ser tratado aqui, não tem nada a ver com essa CPI. Se houve excessos por parte de integrantes da Força Nacional, da Polícia Militar ou de quem quer que seja, que os fatos sejam apurados com todo rigor e que haja a punição devida”.
A CPI, que deveria encerrar os seus trabalhos este mês, funcionará até 10 de outubro. A intenção dos deputados é aproveitar os períodos de esforço concentrado para promover reuniões e votar novos requerimentos.
A audiência pública desta terça-feira foi presidida pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) e teve como depoentes, além do operário, o diretor da Camargo Corrêa, Luiz Carlos Martins, que representou o presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini; o secretário de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia, Marcelo Nascimento Bessa; o advogado Ermógenes Jacinto de Souza e um representante do Instituto Migrações e Direitos Humanos da Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB, representando o arcebispo de Porto Velho, Dom Esmeraldo Barreto.
Por fim, o deputado Moreira Mendes disse esperar que na próxima audiência pública, sejam convidadas pessoas que verdadeiramente possam esclarecer aos membros da CPI os casos de tráfico de pessoas. “O que não podemos é fazer esse jogo de empurra, dando margem para que os que são contra as obras do PAC venham aqui e desvirtuem o verdadeiro sentido desta Comissão”.
Da Redação