A regulamentação da profissão de Especialista em Saúde e Vida Infanto-Juvenil foi tema de audiência pública promovida nesta quarta-feira (13) pela deputada Luísa Canziani (PSD-PR). A regulamentação está prevista no Projeto de Lei PL 3884/21, de autoria da parlamentar.
O texto define esse especialista como o profissional capacitado e treinado para ajudar crianças, adolescentes e suas famílias em ambiente hospitalar, integrando equipes multidisciplinares.
De acordo com a proposta, o exercício profissional será permitido a qualquer profissional da área de saúde com nível superior, com a devida qualificação em nível de especialização, com curso que deverá ter, no mínimo, 400 horas de conteúdos teóricos e 200 horas de prática em ambiente hospitalar em equipes multidisciplinares.
Durante o debate, Luísa Canziani explicou que o profissional dessa área também estará atento às famílias das crianças e dos jovens.
“Tivemos a cautela, ao propor esta regulamentação profissional, de não caracterizar reserva de mercado para um segmento em detrimento de outros, já que qualquer profissional de nível superior da área da saúde e também poderá se especialização não só na atenção às crianças, mas também no suporte devido aos familiares”, disse.
Experiência internacional
Na audiência, a fundadora do Instituto Benfazer, Ana Carolina Carrara, destacou que a especialização veio dos Estados Unidos.
“É um privilégio trazer essa metodologia para o Brasil, que tem como referência o hospital americano Johns Hopkins. Tivemos nosso projeto-piloto na Santa Casa de Londrina e vamos expandir para toda a rede pública. Nossas crianças e adolescentes precisam ser acolhidas e essa profissão faz toda diferença na vida dos jovens e no apoio a toda família”, disse.
A vice-presidente e idealizadora do Instituto Benfazer, Carolina Fonseca, reforçou que, caso aprovado o projeto da deputada, o Brasil será o primeiro país, depois dos Estados Unidos, a ter essa especialidade.
“Essa profissão é focada em intervenções apropriadas ao desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes, de forma a reduzir o medo, a ansiedade e a dor, tanto no campo da saúde física, quanto na mental. Temos trabalhos terapêuticos fantásticos no Brasil, mas o que observamos é que falta um treinamento técnico especifico do profissional, que é o que propõe essa especialização”, esclareceu.
Experiência nacional
Segundo a superintendente do Hospital Universitário de Londrina, Vivian Feijó, a experiência vivenciada no hospital-escola também pode ser desenvolvida na modalidade de residência médica.
“Foi um presente a escolha do nosso hospital para a implementação e desenvolvimento da prática do exercício dessa profissão. Foram quase 30 profissionais treinados e estamos em fase de implementação desse cuidado diferenciado e humanizado para a família, desde a residência médica em pediatria, neonatologia e ambulatórios nessa especialidade”, contou.
Também participaram dos debates o gerente administrativo do Instituto Benfazer, João Marcos Fernandes, além da médica do Hospital Santa Casa de Marília, Renata Trinca, que é especialista em oncologia pediátrica e também fez a especialização em Saúde e Vida Infanto-Juvenil pelo Johns Hopkins.
“É um projeto que vale a pena. Possui base científica e eu tenho muito orgulho de ver resultado concreto na melhora dos pacientes. Projetos como esse garantem a qualidade de vida e diminui traumas nas crianças”, relatou Renata.
Primeira infância
Apesar de o projeto da deputada Luísa Canziani estar em análise na Comissão de Seguridade Social e Família, a audiência pública ocorreu no âmbito da Comissão Externa de Políticas para a Primeira Infância, que acompanha o desenvolvimento dos trabalhos, projetos e programas do governo federal voltados para a primeira infância.
Diane Lourenço