Mel Tominaga
Em discurso na Câmara, deputado apela por alterações no substitutivo do Senado para salvar produtores que cultivam bilhões de metros quadrados e estão sob ameaça de extermínio
Se a Câmara aprovar, sem alterações, o substitutivo do Senado ao projeto do novo Código Florestal, o Estado de São Paulo perderá 450 mil hectares – o equivalente a 4,5 bilhões de metros quadrados (m²) – de terras agrícolas cultivadas por aproximadamente 200 mil micro, pequenos e médios produtores em propriedades com até quatro módulos fiscais, que se encontram em espaços consolidados, sob o risco da exigência de recuperação de APP’s – Áreas de Preservação Permanente. O alerta foi dado pelo deputado federal Junji Abe (PSD-SP), que ocupou a tribuna da Casa nesta terça-feira (20/03/2012) para pedir aos parlamentares a decisão acertada para salvar os agricultores do País.
Membro efetivo da FPA – Frente Parlamentar Mista em Defesa da Agropecuária e presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, Junji é da terceira geração da família Abe na agricultura, acumula um histórico de mais de 35 anos na liderança de entidades agrícolas, além de dez anos na presidência da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele colocou-se como alvo e testemunha da mortal versão dos senadores ao projeto do novo Código Florestal. De acordo com o substitutivo, deverão ser recuperadas as APP’s em todas as propriedades rurais.
Num contundente discurso, Junji chamou a atenção dos colegas para a dependência das cidades em relação à produção rural. A sentença de morte imposta aos produtores, assinalou o deputado, também significa o sacrifício da população urbana e do próprio País que amargará a derrocada do agronegócio, principal sustentáculo da economia nacional. “Por favor, respeitem a nossa atividade, respeitem o Brasil porque, acima de tudo, este imenso País, com quase 196 milhões de habitantes, precisa fervorosamente que continuemos produzindo”, apelou.
Segundo Junji, os números do sacrifício no Estado de São Paulo representam um tímido exemplo da tragédia que se abaterá sobre o setor agrícola brasileiro, caso a Câmara aprove o texto modificado pelos senadores, sem as alterações que garantam a sobrevivência dos pequenos produtores. Em resumo, inviabilizará a atividade daqueles que, historicamente, produzem em várzeas e encostas, em função das condições naturais das regiões produtoras.
Efusivamente aplaudido por membros da bancada ruralista e por parlamentares sem vínculo direto com o setor agrícola, Junji encerrou o pronunciamento pedindo aos colegas que votem contra o cenário catastrófico traçado pelo substitutivo do Senado ao projeto do novo Código Florestal. “Esse não é o Brasil que nós queremos. Esse não é o Brasil dos brasileiros que amam esta terra”, advertiu. E arrematou: “O Brasil dos brasileiros é o Brasil da agricultura forte, ao lado da cidade que tanto precisa de nós, produtores”.
Ao término do discurso, o parlamentar foi cumprimentado por deputados que participavam do Pequeno Expediente, como César Halum (PSD-TO), Valdir Colatto (PMDB-SC), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e Vanderlei Siraque (PT-SP). Outros, como Ronaldo Caiado (DEM-GO), dirigiram-se às pressas para o Plenário com o objetivo de parabenizar e manifestar pleno apoio a Junji, “um legítimo e voraz defensor dos pequenos produtores deste País”.