Mel Tominaga
Deputado é indicado para cargo no grupo permanente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural que trata de temas relativos às dívidas rurais
O deputado federal Junji Abe (PSD-SP) é o novo vice-presidente da Subcomissão de Endividamento Agropecuário. Ele assumiu o cargo, nesta terça-feira (20/03/2012), por decisão unânime do grupo que faz parte da CAPADR – Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e trata de questões relacionadas às dívidas rurais.
Em linhas gerais, cabe à subcomissão acompanhar, fiscalizar, avaliar e propor medidas sobre o endividamento do setor agropecuário brasileiro, assim como monitorar a atuação dos agentes financeiros na efetivação das renegociações autorizadas por leis e resoluções do Conselho Monetário Nacional.
Membro titular da CAPADR, Junji tem especial interesse nos temas abrangidos pela subcomissão. Além de produtor rural, com um histórico de mais de 35 anos de líder de entidades agrícolas, é associativista, cooperativista e profundo conhecedor do endividamento que ameaça a sobrevivência dos agricultores.
Ao longo dos dez anos de trabalho como deputado estadual (1991-2000), presidiu a Comissão de Agricultura e Pecuária do Legislativo paulista. Junji protagonizou uma série de batalhas para viabilizar a renegociação de dívidas rurais, ampliadas em proporções gigantescas por conta da escalada inflacionária que provou quebradeira geral no campo e o extermínio das cooperativas agrícolas, como Cotia, Sul Brasil e Bandeirantes.
A liquidação das cooperativas agrícolas golpeou em cheio os produtores, principalmente os micro, pequenos e médios que se dedicam ao cultivo de hortaliças, frutas, aves, ovos, cogumelos, flores, plantas ornamentais e outros itens dirigidos ao mercado interno. As múltiplas dificuldades enfrentadas pelas cadeias produtivas do setor levaram Junji a idealizar e constituir, no Congresso Nacional, a inédita Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros.
Presidida por Junji, a Pró-Horti “compõe um braço político para sensibilizar o governo a dar atenção às categorias excluídas que não se enquadram nos critérios da agricultura familiar, amparada pela Pronaf, e nem são produtos de exportação que geram commodities, como os do setor sucroalcooleiro, citricultura, cafeicultura e sojicultura, entre outros”.
O deputado explicou que a Pró-Horti abrange as cadeias produtivas de verduras, legumes, tubérculos (como a batata), bulbos (como alho e cebola), frutas, champignon, mel e derivados, aves e ovos, pecuária de leite de pequeno porte e flores e outros itens comercializados no mercado interno. “Os produtores que atuam nesses segmentos têm o perfil de pequenos e médios empresários. Como não se enquadram no Pronaf, para conseguir financiamentos, precisam apresentar licença ambiental de suas propriedades. Isto custa muito caro, porque as exigências dos órgãos públicos são rigorosas. Resultado: ficam sem crédito”.
Na visão de Junji, “já passa da hora de o governo garantir financiamento acessível à categoria, com juros menores e exigências possíveis de cumprir”. Muitos agricultores ainda amargam o endividamento contraído há décadas e, considerando os parcos resultados financeiros do trabalho no campo, não conseguem saldar seus débitos, como observou o deputado, evidenciando a importância da subcomissão para ajudar os pequenos produtores no saneamento financeiro da atividade.
Durante a eleição, os integrantes da subcomissão cogitaram o nome de Junji para a presidência. Entretanto, como o preenchimento dos cargos obedece aos critérios de proporcionalidade, em função da representatividade das legendas na Casa, o presidente teria de ser um deputado do PT. Foi escolhido Josias Gomes (BA).
Para a vice-presidência, havia sido indicado o deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR) que, sabedor do histórico e qualificação de Junji, optou por abrir mão da vaga em favor do colega. Também participaram da reunião os deputados Francisco Araújo (PSD-RR), Luiz Nishimori (PSDB-PR), Nelson Padovani (PSC-PR) e Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).