Mel Tominaga*
Deputado pede empenho do Poder Público e cuidado dos pais para incluir na alimentação de crianças e adolescentes mais hortaliças e frutas no lugar de frituras e doces
Cerca de 525 mil crianças e 140 mil adolescentes sofrem de obesidade mórbida no Brasil, por conta de maus hábitos alimentares em casa e na escola. Ao apontar o levantamento, o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) pediu o empenho do Poder Público e o cuidado dos pais para reformular o cardápio dos menores, com a inclusão de mais hortaliças e frutas no lugar de doces e frituras.
Em pronunciamento na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (19/04/2012), o deputado chamou atenção para o fato de que apenas um terço dos jovens acometidos de obesidade mórbida consome frutas e hortaliças regularmente. “O hábito alimentar começa na infância e esse costume não é formado apenas em casa. A escola tem papel fundamental nesta educação”, observou, destacando a importância da parceria entre o Ministério da Saúde e a Fenep – Federação Nacional das Escolas Particulares.
Junji referiu-se ao programa que prevê a difusão de informações às escolas com o objetivo de oferecer alimentos mais saudáveis aos alunos de ensino básico, fundamental e médio. “Na rede pública, existe o esforço de muitas prefeituras no sentido de inserir, cada vez mais, verduras, legumes e frutas na merenda escolar”.
Para combater a obesidade infantil, considerada um problema mundial, Junji assinalou que “deve haver um comprometimento” da escola, dos pais e dos próprios alunos em substituir os alimentos não saudáveis pelos saudáveis dentro do ambiente escolar, tanto nos lanches quanto nas refeições. O principal foco das ações, ponderou, é evitar que crianças e adolescentes desenvolvam doenças, passando a depender da já “extremamente precária” rede pública de saúde.
Pesquisa de Orçamento Familiar, realizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística constatou que 34,8% das crianças com idades entre 5 e 9 anos estão acima do peso recomendado pela OMS – Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde. Na faixa etária de 10 a 19 anos, o índice corresponde a 21%. “Quanto mais tempo acima do peso, mais difícil é para emagrecer”, considerou Junji, ao afirmar que uma criança de 3 anos obesa tem 20% de chance de se tornar um adulto obeso. Já um obeso de 18 anos, completou, tem 80% de chance de continuar assim.
A baixa participação das verduras, legumes e frutas na composição da dieta nacional é o principal motivo para o “triste quadro” desenhado por Junji. Ele lembrou que cada brasileiro consome, por ano, 27 quilos de hortaliças e 57 quilos de frutas. Isso significa uma quantidade de verduras e legumes quase seis vezes menor do que aquela ingerida anualmente pelos italianos e apenas um quarto do consumo anual de frutas registrado pelo canadense.
Segundo Junji, a falta de educação alimentar e o desconhecimento dos malefícios causados pela ausência de alimentos saudáveis na dieta estão associados ao grande consumo de massas, carnes, doces, frituras e refrigerantes. Ele pontuou que o comportamento, muitas vezes, é incentivado pela maciça propaganda na televisão.
Como pai, avô, produtor rural e presidente da Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, Junji disse que se sente na obrigação de incentivar o consumo de verduras, legumes e frutas. A alimentação saudável a partir da infância definirá os hábitos alimentares da pessoa na fase adulta assim como funcionará como eixo central da prevenção de doenças, como definiu o deputado.
Junji evidenciou que o desenvolvimento de uma dieta balanceada não exige grande sacrifício. É ideal ingerir, no mínimo, 400 gramas de alimentos saudáveis por dia e, aos poucos, chegar a 600 gramas diários. “Parece muito, mas é o equivalente a um copo de salada de frutas, uma maçã, uma banana ou meio prato grande de salada por dia”, comparou.
Para finalizar, Junji conclamou o governo, os parlamentares, o setor produtivo e os diversos segmentos da sociedade civil a se dedicar à implantação de políticas públicas “para tornar a alimentação de nossas crianças cada dia mais saudável, com a redução de sódio, açúcar e de gordura nos alimentos”.
*Assessora de imprensa do dep. Junji Abe