O parecer apresentado nesta quarta-feira (6) pelo relator Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao acolhimento da denúncia de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, já tem os 33 votos necessários para sua aprovação na comissão.
Em um levantamento feito pela reportagem que cruzou a opinião de deputados ouvidos pela Folha e de outros que já manifestaram publicamente sua posição, o placar nesta quarta era de 33 votos favoráveis ao relatório, 16 contrários e dez indefinidos. Seis deputados não responderam ou não foram localizados.
O resultado já era esperado e, nos bastidores, o próprio governo já dava como perdida a batalha na comissão. A votação será na próxima segunda-feira (11).
Entre os que se declararam indecisos, três são do PSD –o presidente da comissão, Rogério Rosso (DF), Paulo Magalhães (BA) e Júlio César (PI)–, dois do PMDB –Valtenir Pereira (MT) e Washington Reis (RJ)–, dois do PSB –Bebeto (BA) e Tadeu Alencar (PE)–, dois do PR –Maurício Lessa (AL) e Edio Lopes (RR)– e um da Rede –Aliel Machado (PR).
Dos oito deputados do PMDB —partido que rompeu com o governo na última semana que votarão, quatro disseram que serão a favor do relatório; um, contra.
Além dos dois que se declararam indefinidos, um parlamentar do partido não respondeu ao levantamento.
Entre os partidos que têm sido cortejados pelo Planalto, o PP tem três de seus cinco votos na comissão já favoráveis ao relatório –os outros dois deputados não responderam.
Do PR, dois estão contra o parecer e dois se disseram indecisos. No PSD, além dos quatro indecisos, há um voto favorável.
Entre os membros do PP que se declararam favoráveis ao voto acompanhando o parecer está o deputado Paulo Maluf (PP-SP), de quem antes era esperado um voto favorável ao governo.
Maluf disse que apesar de considerar a presidente Dilma “uma mulher correta, decente, honesta e patriótica”, que “não merece o impeachment”, votará a favor do impedimento, em resposta à decisão de seu partido de manter a aliança em reunião nesta quarta (6) –a decisão foi bastante criticada por membros pró-impeachment da sigla.
“Eu vou votar a favor do impeachment porque o presidente do partido [PP], Ciro Nogueira, sem consultar ninguém, sem chamar bancada, sem fazer a reunião do diretório nacional, disse que nós ficamos na base. E nós não somos nabo em saco para ser vendido por ele, declarou.
Após a comissão dar seu parecer, no dia 11, ele será lido na sessão ordinária do plenário da Câmara seguinte, no dia 12.
No dia 13 haverá a publicação no Diário do Legislativo. A partir daí, conta-se o prazo de 48 horas para que o parecer vá a voto no plenário da Câmara -ou seja, dia 15, uma sexta-feira.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse esperar que a sessão de votação dure três dias, já que cada um dos 25 partidos poderá discursar por até uma hora. Com isso, o desfecho se daria no domingo (17). (ISABEL FLECK, RANIER BRAGON, RUBENS VALENTE, GABRIEL MASCARENHAS E AGUIRRE TALENTO)