Fora Dilma e Temer
Pesquisa do Grupo Opinião Pública (UFMG)/Instituto Ver revela que maioria da população de Belo Horizonte deseja o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e também do vice-presidente Michel Temer (PMDB), rejeita políticos e partidos e metade acredita que as Forças Armadas podem ser chamadas a tomar o poder, em caso de “desordem” . Coordenada pela professora do Departamento de Ciência Política Helcimara Telles, 67% dos entrevistados são a favor do impeachment da presidente e 68% desejam o mesmo para Temer. Para apenas 16% dos ouvidos, as chamadas “pedaladas fiscais” são a causa do processo de afastamento da presidente. A maioria acredita que o motivo do impeachment é a corrupção, as irregularidades na Petrobras e a Operação Lava-Jato. Os belo-horizontinos também têm expectativa positiva para a economia com a possível saída da presidente.
Acesso limitado
Não bastasse um muro construído na Esplanada dos Ministérios para separar os manifestantes contra e pró-impeachment no gramado do Congresso, a Câmara dos Deputados e o Senado amanheceram ontem divididos por uma cerca. Normalmente interligados, os Salões Verde (da Câmara) e Azul (do Senado) já não têm mais conexão direta. Para acessar o Senado, as pessoas precisam sair do prédio da Câmara e passar pela portaria do Senado. O procedimento é o mesmo para quem sai do Senado e quer chegar à Câmara.Segundo a segurança do Congresso, a medida foi tomada para evitar o acesso de pessoas não credenciadas à Câmara nesses dias que prometem ser tumultuados dentro e fora do Parlamento. Às vésperas da votação do impeachment, todas as entradas da Casa têm um controle especial de acesso, com raio-X e detector de metal. Só parlamentares não são submetidos ao controle.
O escândalo de cada um
Reportagem de ontem do jornal norte-americano The New York Times destaca que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff está sendo liderado por políticos que enfrentam uma série de acusações como corrupção, fraude eleitoral e até abusos de direitos humanos. “O que revela a hipocrisia entre os líderes brasileiros no debate nacional”, diz o texto. Com o título “Dilma Rousseff alvo no Brasil de legisladores que enfrentam seus próprios escândalos”, a reportagem cita, entre outros, o vice-presidente Michel Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e Eduardo Cunha, classificado como “o poderoso presidente da Câmara que lidera o esforço pelo impeachment e está em julgamento no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de ter embolsado US$ 40 milhões em propinas”. Os três são citados nas investigações da Lava-Jato.
O placar de Fabinho
O deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), o Fabinho Liderança, já montou o seu placar da votação de amanhã. Com base nas conversas que teve com colegas, ele acredita que serão 367 votos a favor do impeachment da presidente Dilma, 129 contra e 17 indecisos.
Marajás não
O governo federal quer proibir a contratação de servidores e reajustes para aqueles que ganham acima da média paga pela União em 2017. As medidas estão no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, enviado ontem pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. O ministro do Planejamento, Valdir Simão, alega que o governo busca “equilíbrio” na folha de pessoal. Para isso, só acontecerão contratações para substituir terceirizados, vagas disputadas em concurso, militares e profissionais para as áreas de saúde, educação e segurança do Distrito Federal, bancados pelo Fundo Constitucional do DF.
Diretrizes globais
Começa no dia 19 a sessão especial da Assembleia Geral da ONU que vai discutir as diretrizes globais sobre drogas. Um documento sobre o assunto foi acordado pelas delegações nacionais em março e será submetido à aprovação da assembleia. Havia uma expectativa de que houvesse um avanço em relação à política repressora em vigor, mas países conservadores barraram mudanças mais drásticas. No entanto, líderes e ativistas do mundo inteiro pressionam para tentar reverter a posição. Uma carta com mais de mil assinaturas ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pedindo que a sessão, a primeira a debater o assunto desde 1998, abra o caminho para “reformas verdadeiras da política internacional de controle de drogas”.
Deputados do PCdoB e do PT dormiram na Câmara para garantir presença na lista de oradores na sessão de hoje que discute o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O primeiro a assinar foi o deputado Jorge Solla (PT-BA), às 6h da manhã. Ao todo são 79 inscritos, a maioria absoluta contrária ao impeachment.
Vários deputados circulavam ontem no Salão Verde e no plenário da Câmara com suas famílias. Além da mulher, dos filhos e da mãe, alguns levaram até a sogra. “É melhor que final de Copa do Mundo”, disse o estudante de direito Pablo Roman, de 22 anos, filho do deputado Evandro Roman (PSD-PR), favorável ao impeachment.
Com o acesso restrito ao plenário, o deputado Evandro Roman negociou com os seguranças da Casa para que pudesse entrar 10 minutos com seus parentes, para tirar fotos e depois sair. A família mora em Cascavel (PR) e fica até segunda-feira em Brasília.
Na guerra dos cartazes ontem, no plenário da Câmara, enquanto governistas mostravam uma imagem da Constituição rasgada, com o carimbo de “Não vai ter golpe”, parlamentares da oposição mostravam a inscrição “Tchau, querida”, em referência à forma como o ex-presidente Lula se despediu de Dilma, em telefonema gravado pela Operação Lava-Jato e tornada pública pelo juiz Sérgio Moro.