A ala fiel ao governo calcula contar com cerca de 59 de um total de 122 votos dos partidos de centro contra a abertura do processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados Ciro Nogueira descartou a indicação do deputado Ricardo Barros (PR) para o Ministério da Saúde
Brasília – Dez deputados indecisos do PP serão o fiel da balança na reunião desta quarta-feira das bancadas na Câmara e no Senado, que foi convocada para deliberar sobre o desembarque ou não do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). PR, PSD e PRB também ensaiam rebelião.
Uma das maiores legendas do Congresso, o Partido Progressista reúne 49 deputados. Entre eles, os governistas e os opositores afirmam contar com a metade dos votos. Ao todo, a ala fiel da base aliada espera contar com 59 dos 122 votos do chamado “centrão”, que é integrado por PR e PSD, além do PP. O Planalto contabiliza 24 dos 40 votos do PR e com 25 dos 33 do PSD.
Nos próximos dias, o PR também deverá antecipar sua decisão. Aliás, PR e PP haviam marcado definir posição no próximo dia 11 e resolveram antecipar. Nesse dia está prevista a votação do relatório de admissibilidade do impeachment pelo relator da matéria, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), conforme acertado ontem (5) entre os líderes partidários. Ele apresenta seu relatório hoje e a comissão irá retomar os debates na sexta-feira (8). O relator disse que o documento que será entregue hoje deve ter entre 80 e 90 páginas.
Sem “balcão”
Ontem (5), a presidente Dilma negou, em entrevista, que pretenda transformar a nova composição da cúpula do governo em “balcão de negócios”, rejeitando notícias publicadas com esse teor. Disse que não haverá reforma ministerial enquanto o impeachment não for votado no plenário da Câmara, sepultando a ideia de repactuação ministerial urgente anunciada pelo ministro Jacques Wagner, na semana passada, após o rompimento do PMDB com o governo.
“Pelo menos agora vamos tomar uma decisão”, afirmou o deputado Jerônimo Goergen (RS), um dos líderes do bloco pró-impeachment do PP, ao comemorar a antecipação da decisão dopartido.
Goergen levou um grupo de 20 parlamentares ao gabinete do presidente da legenda, o senador Ciro Nogueira (PI), que descartou por enquanto a indicação do deputado Ricardo Barros (PR), para a pasta da Saúde, em substituição ao peemedebista Marcelo Castro.
Nogueira disse que qualquer integrante do PP só deverá assumir algum ministério depois de concluída a votação do impedimento de Dilma pela Câmara. O objetivo é esperar para ver como o governo da petista sairá do processo.
O PSD, comandado pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, é outro foco de divergências internas. O deputado Domingos Neto (PSD-CE) fez pronunciamento ontem para anunciar apoio ao governo, indo contra postura atribuída ao líder anterior, Rogério Rosso (DF), que preside a comissão do impeachment.
“Eu aplaudo a decisão da presidente. Temos uma votação de impedimento em curso, tem uma pedra no meio do caminho, como diz a poesia”, disse ao DCI o deputado Esperidião Amin (PP-SC). “Ainda assim, eu torço apenas para que haja o afastamento e para que possamos ter novas eleições diretas ainda este ano.”
Outro parlamentar do “centrão”, Edio Lopes (PR-RR) elogiou a decisão da presidente: “Vamos aguardar a decisão do partido nos próximos dias”, declarou o congressista, que teve liberada verbas para atender emendas parlamentares.
Abnor Gondim