Na condição de ex-jogador de futebol profissional, o deputado Danrlei de Deus (PSD-RS) lamentou, da tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (22), os resultados obtidos pelos atletas brasileiros na última edição das Olimpíadas, ocorrida em Londres.
“Não estou criticando o resultado em si”, esclareceu o parlamentar. “Mas é necessário que façamos uma análise criteriosa do que realmente aconteceu, até para que não incorramos no erro de cometermos injustiça”.
E ressaltou: “Este não poderia ser o melhor momento para refletirmos sobre a relação custo-benefício na área do esporte, isto é, o valor investido pelo governo e os resultados conquistados”.
Ao longo da competição mundial, segundo disse o parlamentar gaúcho, alguns atletas e torcedores brasileiros reclamaram, “injustamente e sem conhecimento de causa”, que o Brasil precisa investir mais no esporte e valorizar seus atletas.
Neste sentido, Danrlei de Deus discordou: “Nunca houve tanto dinheiro público investido no esporte olímpico brasileiro quanto na preparação para os Jogos de Londres”.
Segundo dados publicados pelo jornal O Globo, “mais de 1,76 bilhão foi injetado por meio de vários programas, tais como a Lei Piva, patrocínios de estatais, lei de incentivo ao esporte e recursos do Ministério do Esporte para o alto rendimento, que incluem o Bolsa Atleta”.
Esse montante foi quase o triplo do que foi desembolsado pela União nas competições de Pequim. Considerando o total investido, cada medalha, em Londres, custou aos cofres públicos R$ 117,3 milhões. A do futebol não entra na conta, uma vez que a CBF não recebe recursos públicos.
“Só para se ter uma ideia do contrassenso desses investimentos”, prosseguiu Danrlei, “em 2004 nos Jogos de Atenas, quando os nossos atletas subiram ao pódio em 10 ocasiões, o esporte olímpico recebeu R$ 280 milhões da União, isto é, uma quantia seis vezes menor da que foi destinada para as competições de Londres”.
O próprio Governo esperava melhor desempenho dos nossos atletas. “A Grã-Bretanha, por exemplo, dona da casa, que investiu quase a mesma quantia do que o Brasil, acabou ficando em terceiro lugar na classificação geral, o que deveria nos causar tremenda vergonha”.
Ao longo do seu discurso, o deputado indagou: “O que está acontecendo? Será mesmo falta de apoio financeiro do governo? Diante desses resultados pífios, não há outra resposta para a atuação do Comitê Olímpico Brasileiro senão classificá-lo como incompetente”.
Ele entende que o fracasso da gestão do COB nestas Olimpíadas foi um reflexo da estratégia corporativista que vem adotando. “Não é mais aceitável investir apenas em atletas profissionais. Falta trabalho de base”, sentenciou.
E prosseguiu com suas críticas: “Não temos centros de treinamento olímpico ─ pelo menos um em cada unidade da federação ─; não há bolsas para estudantes universitários; não há incentivos aos atletas que desejam se preparar, dentre outros. Enfim, é notória a falta de planejamento por parte do COB. Os erros foram extremamente amadores”, concluiu.
Da Redação