Era para ser a primeira manifestação de sintonia fina entre políticos da oposição e eleitores insatisfeitos que pedem o impeachment de Dilma. O que ocorreu, no entanto, saiu do script previsto principalmente para os tucanos.
Em São Paulo, sobrou para poucos. O tucanos Aécio Neves e o governador Geraldo Alckmin foram hostilizados por manifestantes na Avenida Paulista. Os tucanos foram chamados de “oportunistas” e “ladrão” e ainda tiveram que escutar “Fora Aécio! Fora Alckmin!” e “o próximo é você”. Sobre os gritos de manifestantes em referência a citações ao seu nome na Lava-Jato, Aécio disse que “todas as citações têm que ser investigadas e elas estão desmontando porque são falsas”.
Nova cara da oposição, a senadora Marta Suplicy (PMDB), ex-petista que defende o impeachment, foi hostilizada enquanto discursava em frente à Fiesp. Manifestantes gritavam “Fora PT” e “Minha bandeira jamais será vermelha”, em referência ao antigo partido da senadora. Em Brasília, o deputado federal Jair Bolsonário (PP-RJ) foi impedido de discursar em um dos carros de som da manifestação na capital.
No Rio de Janeiro, um dos principais alvos foi a ala fluminense do PMDB que apoia o governo de Dilma Rousseff. Sobraram vaias a politicios pemedebista Leonardo Picciani, Pedro Paulo, Eduardo Paes e Fernando Pezão. Os políticos da oposição, como Otavio Leite (PSDB), Carlos Roberto Osório (PSDB), Indio da Costa (PSD), Rodrigo Maia (DEM) não tiveram problemas para circular entre manifestantes.Indio da Costa e Otávio Leite conseguiram, inclusive, subir nos carros de som para falar.
No Recife, a oposição não teve problema para circular entre os manifestantes na orla de Boa Viagem. Os deputados Jarbas Vasconcelos (PMDB), Mendonça Filho (DEM) e Augusto Coutinho (Solidariedade) foram ao ato na companhia de amigos, familiares e correligionários. Já em Maceió, todos os três senadores alagoanos Renan Calheiros (PMDB), Fernando Collor (PTB) e Benedito de Lira (PP) foram alvo de vaias.
Candidata com mais de 20 milhões de votos nas duas últimas eleições, Marina Silva e Rede Sustentabilidade se limitaram a publicar uma nota destacando o direito de manifestação e as investigações da Lava-Jato. “Como já deixou claro em outras ocasiões, a REDE entende que o impeachment não é um golpe e reitera seu integral apoio ao aprofundamento das investigações sobre o maior esquema de desvio de recursos públicos já identificado no país, com a participação direta e intensa dos principais partidos de sustentação do governo. Quanto mais evidentes os indícios de que a corrupção da Petrobras foi a base financeira da campanha do PT-PMDB, maior o imperativo ético de uma resposta via TSE.”
(com Estadão Conteúdo)