O dólar fechou em alta frente ao real, após o Banco Central ter voltado a realizar a operação de swap cambial reverso, que equivale a uma compra futura de dólares, algo que ele não fazia desde março de 2013. A operação foi interpretada pelo mercado como uma sinalização de que a autoridade monetária pretende limitar uma apreciação mais rápida do câmbio e acelerar a redução do estoque de derivativos cambiais. O dólar comercial subiu 0,87% e fechou a R$ 3,61. Já o contrato futuro recuava 0,30% para R$ 3,624. Essa diferença entre o mercado à vista e futuro se deve ao fato do dólar comercial já estar fechado quando o BC anunciou a operação de swap cambial reverso na sexta-feira. Após ter negociado a R$ 3,6479 na máxima intradia, a moeda americana desacelerou a alta após o leilão de swap cambial reverso realizado pelo Banco Central, no qual a autoridade monetária colocou menos da metade dos contratos ofertados.
O Banco Central colocou apenas 5.500 de um total de 20 mil contratos de swap cambial reverso ofertados hoje em leilão para vencimento em 1º de julho de 2016. A operação somou US$ 272,7 milhões. Essa operação equivale a uma compra futura de dólares e visava acelerar a redução do estoque em swaps cambiais que soma US$ 108,113 bilhões. Segundo o especialista em câmbio da corretora Icap, italo Abucater, o BC provavelmente não colocou todo o lote ofertado porque não ofereceu um prêmio interessante para o mercado. “Fica difícil decifrar se o BC quer recomprar estoque ou se está querendo conter uma alta exagerada do real”, afirma Abucater. Há uma dúvida no mercado se a operação de swap cambial reverso realizada hoje foi uma ação pontual para dar saída para investidores que estavam com posição comprada em dólar ou se é uma nova estratégia do BC para acelerar a redução do estoque de swaps cambiais e conter uma apreciação rápida do real.
Para Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas, o que surpreendeu não foi o fato do BC querer acelerar a redução da posição nesses contratos de derivativos cambiais, mas sim o fato de ele anunciar uma operação de swap cambial reverso sem interromper as rolagens dos contratos que estão vencendo, o que reforçaria a leitura que a ação poderia ser algo pontual. “Talvez o BC tenha percebido que há algum ?player’ que estava posicionado em contratos de swap cambial tradicional que não iriam vencer neste mês e quis atender a uma demanda específica”, diz. O mercado segue influenciado pelo cenário político. Hoje, a comissão especial do impeachment da Câmara dos Deputados se reúne às 17h para o presidente do colegiado, Rogério Rosso (DF), apresentar o plano de trabalho. Segundo o Valor, a avaliação feita pelo Palácio do Planalto é que a composição da comissão é desfavorável ao governo. Com isso, os esforços para evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff vão se concentrar na disputa no plenário.
Há ainda expectativa pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido de habeas corpus impetrado por advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais seis juristas pela suspensão da decisão do ministro Gilmar Mendes de suspender a nomeação do ex-presidente como ministro da Casa Civil. O ministro do STF Luiz Fachin repassou a avaliação sobre o habeas corpus para o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski. Por sorteio, o caso foi para a ministra Rosa Weber. Lá fora, o dólar operava em queda frente às principais moedas emergentes, movimento sustentado pela alta do petróleo. A moeda americana caía 0,23% em relação ao rand sul-africano, 0,24% frente à lira turca e 0,09% diate do peso chileno.