O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou um recurso do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) para que fossem incluídos no pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff trechos da delação do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (ex-PT-MS), que a acusou de tentar interferir no andamento da Operação Lava-Jato. Presidente da comissão especial do impeachment, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) havia decidido que essas suspeitas não poderão ser anexadas à denúncia contra Dilma. Faria de Sá, então, recorreu à Mesa da Câmara, mas o pedido foi rechaçado por Cunha, que, antes, havia decidido pela inclusão dos documentos. Cunha, portanto, justificou nesta segunda-feira que seu ato de 17 de março era apenas para que houvesse uma “juntada” de documentos, e que não houve um aditamento no pedido de impeachment, o que reabriria o prazo para a defesa de Dilma. Ele explicou que cabe à comissão decidir o que pode ou não ser anexado à denúncia. No dia da decisão de março, ficou expressamente escrito que já se havia esgotada a função do presidente da Câmara em analisar o pedido de impeachment, “cabendo, daquele momento em diante, à comissão especial eleita a tarefa de decidir que documentos serão pertinentes e úteis”, afirmou Cunha. Faria de Sá informou que vai ao Supremo tribunal Federal (STF) para garantir a inclusão da delação no pedido de impeachment, pois são “fatos públicos e notórios e não podem ser deixados” de lado pela comissão. Cunha argumentou ainda que os documentos da delação apenas corroboravam com as acusações já presentes no processo de impeachment em tramitação. “E não se tratavam de novos crimes”.