Fabiana Maranhão Do UOL, em Brasília
A reunião da comissão especial do impeachment, que analisa o pedido de afastamento da presidente Dilma Rousseff, foi marcada por muito bate-boca, confusão e até empurra-empurra entre deputados governistas e de oposição.
A sessão durou pouco mais de duas horas, entre o fim da tarde e o começo da noite desta quarta-feira (30). Foi encerrada por volta das 19h30 pelo presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), por causa, segundo ele, do início da ordem do dia no plenário da Câmara.
A decisão causou revolta entre os parlamentares, já que, até aquele momento, nem todos os líderes de partido tinham tido direito a se manifestar em plenário e cerca de 50 deputados estavam inscritos para falar.
Deputados foram até a mesa da presidência da comissão para questionar a medida de Rosso, gerando bate-boca. O deputado Ivan Valente (Psol-SP) admitiu que chegou a “dar um chega pra lá” em Caio Nárcio (PSDB-MG), dando início a um empurra-empurra.
Valente acusou Rosso de ter desrespeitado um acordo feito entre os líderes dos partidos no começo do dia sobre o andamento dos trabalhos de hoje.
“Havia um acordo para que a audiência pública continuasse mesmo que a sessão da ordem do dia começasse porque é uma sessão de debates e não deliberativa. Ele prometeu que todos os líderes e membros da comissão falariam”, relatou. “Isso é antidemocrático. Ele perdeu a palavra, ele não tem mais autoridade sobre a comissão”, acrescentou.
E esta não foi a única confusão da reunião. Mais cedo, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) solicitou que os trabalhos fossem suspensos até a convocação da presidente Dilma Rousseff ou de sua defesa.
A proposta provocou troca de acusações entre parlamentares de oposição e do governo, que acabou evoluindo para gritaria e um princípio de confusão. Deputados da oposição começaram a gritar “impeachment” enquanto governistas respondiam com “não vai ter golpe”.
Na sessão desta quarta-feira (30), o sexto encontro da comissão, foram ouvidos o ex-ministro do governo FHC Miguel Reale Júnior e a jurista Janaína Paschoal, autores do pedido de impedimento da presidente, que foram convidados para falar pela parte denunciante. Na quinta-feira (31), às 11h, serão ouvidos o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Ricardo Lodi Ribeiro, pela parte da defesa.