Brasília – A provável nomeação do líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), para Secretaria de Governo poderá ter efeitos negativos em votações de matérias de interesse do governo na Casa. Lideranças do Centrão – bloco informal de 13 partidos da base aliada liderado por PP, PTB e PSD – já falam em obstruir a votação da admissibilidade da PEC da reforma da Previdência como reação à indicação do tucano.
“Não acredito que essa nomeação vai se concretizar. É um governo experiente. Mas, em se concretizando, claro que vai ter efeito para Previdência. Toda ação tem uma reação. É a Lei de Newton”, afirmou o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO). “Tenho certeza que antes de se concretizar, o governo vai reunir a base, porque estamos diante de importantes votações, como a da Previdência”, disse Rogério Rosso (DF), líder do PSD na Casa.
Deputados do Centrão lembram que o a PEC da Previdência, por si só, terá dificuldades de ser aprovada na Câmara, em razão da polêmica da proposta. Com a disputa política na base aliada em torno da presidência da Casa agravada pela provável nomeação de Imbassahy, essa dificuldade aumentaria. “Temo pela reforma da previdência. Alguns deputados já não gostavam da PEC, imagine agora”, afirmou um líder do Centrão.
Deputados do grupo lembram que outros partidos da base aliada, como PSB, já pretendiam obstruir a votação da admissibilidade da PEC na CCJ independente da nomeação do líder do PSDB para Secretaria de Governo. A votação da admissibilidade da proposta está prevista para a próxima semana, penúltima de atividades no Congresso Nacional antes do início do recesso de fim de ano, que começa em 23 de dezembro.
Além da votação da admissibilidade da PEC da previdência, deputados e senadores votarão matérias importantes para o governo antes do início do recesso. Antes de saírem de férias, parlamentares ainda precisam aprovar os últimos destaques à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 e o próprio Orçamento do próximo ano.
Para o Centrão, a escolha de Imbassahy significa uma “interferência clara” do governo na próxima disputa pela presidência da Câmara, prevista para fevereiro de 2017. Na avaliação de líderes do grupo, a nomeação favorece a reeleição do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na medida em que ele é apoiado pelo PSDB. Além disso, fala-se nos bastidores que a negociação para escolha de Imbassahy passou pela amarração do apoio do PMDB, maior sigla da Casa, à reeleição de Maia.