Estratégia de aliados do presidente da Câmara conseguiu com sucesso estender sessão do Conselho de Ética e protelar a definição sobre o futuro da representação do parlamentar Antonio Augusto / Câmara dos Deputados – 08.12.2015 Parlamentar discursa durante sessão que adiou processo contra peemedebista, nesta terça-feira
A tropa de choque de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou a atuar de forma eficiente para evitar, pela terceira vez, que o relatório preliminar de Fausto Pinato (PRB-SP) fosse votado no Conselho de Ética da Casa, nesta terça-feira (8). O deputado pede que a representação por quebra de decoro contra o peemedebista prossiga, mas o processo não pode ir adiante até que o parecer seja aprovado pelo colegiado.
Mais uma vez, a ordem do dia foi iniciada no Plenário da Câmara, o que impede qualquer deliberação do Conselho de Ética. Desta forma, permanece pendente o relatório que pretende que Cunha seja investigado no Conselho de Ética num processo que poderá, em última análise, cassar o mandato do parlamentar.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), pretende convocar uma nova sessão para está quarta-feira para que a votação seja realizada. Entretanto, tem esbarrado na falta de um plenário para que possa realizar a sessão. Araújo deverá conseguir a cessão de um plenário para que possa chamar uma nova sessão.
Foram diversas questões de ordem e estratégias protelatórias ao longo da sessão para que o tempo pudesse correr até que a ordem do dia pudesse ser iniciada. Deputados suplentes foram os maiores responsáveis pelo sucesso da estratégia de obstrução, com destaque especial para o deputado Marcelo Júnior (PMDB-PB), que fez questões de ordem e requerimentos de adiamento de votação.
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados – 08.12.2015 eduardo cunha – conselho de ética processo de cassação – 08-12-2015 – José Carlos Araújo (PSD/BA)
Paulinho da Força (SDD-SP), um dos maiores defensores de Cunha, usou a estratégia de atacar para defender. “Desde o inicio decidi que votaria a favor de Eduardo Cunha em qualquer situação”, disse ele, para em seguida partir para o ataque. Argumento que desde a eleição de Cunha à presidência da Câmara, ele foi perseguido pelo governo e pelo PT. “Conheço ela (Dilma) bem. Ela não aceita ser questionada. Só fica quietinha quando está como agora, num fogo cruzado. Depois que passar ela bota para quebrar”, disse ele.
“Foi ela (Dilma) que assaltou junto com a turma do PT a Petrobras e agora tentam jogar a corrupção em cima do Eduardo. Metade da direção do PT está presa. Quem foi obrigado a pagar pra ter a obra , que são os empresários, está presa, os outros que receberam estão soltos”, acusou Paulinho.
O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) rebateu Paulinho. “Os ataques feitos ao meu partidos por algum soam como elogio. Alguns não tem honra para falar do meu partido”, afirmou o petista. Ele argumentou que os defensores de Cunha buscam desqualificar a denúncia do Ministério Público, mas usam o Tribunal de Contas da União como argumento para dizer que Dilma tem de ser impedida. “É risível ouvir alguns deputados falar aqui”, disse ele.
“De forma revanchista e ditatorial (Cunha) abriu o processo de Impeachment contra a presidente. Sem nenhuma base jurídica, mas o fez na condição de quem quer ver o Brasil sair dos trilhos e piorar sua situação”, afirmou o petista. “Não entendo que o relator tenha feito a condenação prévia do deputado Eduardo Cunha. Não entendo e não aceito”, declarou Prascidelli.
No início a sessão, antes dos discursos dos deputados, o advogado de Cunha, Marcelo Nobre, pediu a suspensão do relator do caso, deputado Pinato. Nobre anunciou que pretende recorrer contra a manutenção de Pinato ao Plenário da Câmara e ao Supremo Tribunal Federal.
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados – 08.12.2015 protesto contra eduardo cunha – conselho de ética – 08-12-2015
Protesto
A sessão desta tarde do Conselho de Ética começou com um protesto silencioso. Manifestantes que acompanham o início da sessão do Conselho de Ética trouxeram cartazes com dizeres contra o presidente da Câmara dos Deputados. Os cartazes traziam frases como “A chantagem não será maior do que o Brasil”, “Natal sem Cunha”, “Não ao Golpe” e “Mais sujo que pau de galinheiro”, este último acompanhado de uma foto de Cunha.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), interveio e pediu que o grupo baixasse os cartazes caso contrário pediria a retirada dos manifestantes. O grupo atendeu ao pedido de Araújo a continuou no Plenário em que o conselho se reuniu, mas sem exibir o protesto. Mais tarde, outro grupo protestou contra Cunha do lado de fora do Plenário em que o conselho se reuniu.