No primeiro semestre deste ano 40 policiais foram mortos em São Paulo fora de seu turno regular de trabalho na corporação. No ano passado inteiro foram 47 assassinatos de policiais no estado em horários de folga ou durante os “bicos”. É uma situação que deixam alarmados não só os militares e seus quartéis como a sociedade, que vê as pessoas responsáveis pela nossa segurança em uma situação de tamanha fragilidade.
Afinal, por que isso está acontecendo? A polícia está com uma presença mais ostensiva no combate ao crime e essas quadrilhas tentam, com esses atos, esfriar as ações de repressão? Ou o crime saiu totalmente de controle, a polícia não consegue mais acompanhar essa evolução e agora é vítima do terrorismo do crime? Tamanha violência pode ser classificada como terrorismo, não da forma ideológica como vimos em países do Oriente Médio, mas o terror dos interesses das facções e quadrilhas altamente organizadas.
Portanto, nossos policiais precisam de atenção. Uma iniciativa louvável que já foi colocada em prática em algumas cidades do Estado de São Paulo é a atividade delegada. São convênios firmados entre o Governo do Estado e municípios para que o policial, em seu horário de folga, reforce a segurança na cidade. Os policiais utilizam uniformes, armas e viaturas da corporação e a prefeitura paga pela hora extra.
Além de aumentar a segurança da população, afinal o policial que poderia estar de folga ou em outra atividade está nas ruas, a atividade delegada mantém a proteção por viaturas e equipamentos enquanto esses homens exercem essa atividade extra de forma oficial e aumentam seus salários se sentindo mais valorizados. Trazer as atividades da polícia à luz em seus horários de folga é, com toda certeza, o primeiro passo para dar condições dignas de trabalho para estas pessoas. A escuridão dos bicos e outras atividades paralelas em nada contribuem para esta realidade melhorar, só deixam os policiais mais vulneráveis.
Agora, resolvida a questão do bico fica a única vulnerabilidade pessoal: o horário em que o policial está descansando ou com a família. Como acabar com esse atentados pessoais? E outra pergunta: uma vez resolvido não partiriam para o ataque de suas famílias?
Não podemos mais correr o risco de sofrer ataques, como os realizados em 2006 por uma grande facção criminosa, que aterrorizaram diversas cidades do estado que mataram policiais, guardas municipais, agentes penitenciários e cidadãos. A única trincheira para combater este tipo de ação é a polícia, da qual dependemos e devemos contar nestes momentos de ameaças iminentes.
Por isso apoiamos e incentivamos qualquer iniciativa que dê amparo e valorize o trabalho dos nossos policiais. Em um primeiro momento de dificuldade é a eles que recorremos e precisamos ter a confiança de que estarão devidamente protegidos para nos socorrer. Proteger o policial nada mais é que resguardar a própria sociedade.
Guilherme Campos
Deputado federal PSD-SP
Jornal Correio Popular 14/09/2012