BRASÍLIA (Reuters) – A defesa do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recorreu nesta terça-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) para trocar o relator do processo contra ele no Conselho de Ética da Casa, enquanto os membros do colegiado voltaram a bater boca em mais uma sessão para decidir se darão ou não andamento ao caso.
O advogado de Cunha, Marcelo Nobre, foi ao Supremo para recorrer de decisão do presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), que rejeitou pedido para a troca do relator Fausto Pinato (PRB-SP), segundo a Agência Câmara. Nobre alegou, no pedido rejeitado por Araújo, que Pinato se manifestou para a imprensa sobre seu voto, favorável ao seguimento do processo, antes de apresentar seu parecer.
A sessão do conselho desta terça foi novamente marcada pelos discursos de parlamentares, por ora ainda sem análise do parecer pela admissibilidade do processo, com bate-boca entre parlamentares contrários e favoráveis à Cunha.
Após reafirmar que os deputados do PT no conselho votarão pela admissibilidade do processo e classificar a situação de Cunha como “insustentável”, o deputado Zé Geraldo (PT-PA) desentendeu-se com o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), conhecido como Paulinho, um dos principais aliados de Cunha.
Durante a sessão, alguns manifestantes abriram cartazes com dizeres contra Cunha no plenário do conselho.
“Cunha quer se salvar, se proteger a qualquer custo”, disse Geraldo, se referindo à decisão do presidente da Câmara de aceitar um pedido de abertura de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na semana passada, no mesmo dia em que os três petistas do Conselho de Ética anunciaram que votariam contra ele.
Araújo disse que o parecer preliminar sobre a admissibilidade do processo contra Cunha será votado quando os discursos se encerrarem, mas não se comprometeu com um prazo para isso.
O presidente do conselho pode ser obrigado, no entanto, a encerrar a sessão sem votar o parecer caso a Ordem do Dia no plenário da Câmara comece antes da análise do relatório de Pinato.
A Ordem do Dia tem prioridade sobre o funcionamento das comissões e a pauta da sessão do plenário nesta terça inclui a eleição dos membros da comissão especial que analisará a abertura de processo de impeachment contra Dilma.