*Junji Abe
Acredito no diálogo e na capacidade humana do entendimento mútuo. Na semana que acolheu o Dia Mundial do Meio Ambiente (5), chamo atenção para os pequenos gestos de gentileza que deveriam povoar o cotidiano de uma sociedade ávida por dias melhores. Mas, que ficam perdidos em meio à correria ou natimortos como intenções.
Por mais que medidas de ampla repercussão ambiental caibam ao poder público, tenho uma má notícia: nenhum governante, por mais austero, capaz e trabalhador que seja, resolverá todos os problemas urbanos. Primeiro, porque a população nunca estará satisfeita; é da natureza humana desejar sempre mais. Segundo, porque nada é tão bom que não possa ser melhorado.
Em que pese a vasta lista de necessidades a ser atendida pelos governos – incluindo gestão adequada do lixo, de abastecimento de água tratada, de coleta de esgotos e de tratamento dos efluentes antes do lançamento nos cursos d’água –, vale praticar pequenas gentilezas que estão ao alcance de todo cidadão de bem.
Amparado na participação popular, como prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, terceirizamos a limpeza pública, pontapé inicial para ações que permitiram desativar o Lixão da Volta Fria, implantar a coleta seletiva de lixo, buscar tecnologias limpas voltadas à disposição final de resíduos e ter uma usina de triagem onde atuam antigos catadores. Ao mesmo tempo, consolidamos a educação ambiental na rede de ensino, com suporte da Escola Ambiental para preparar educadores e do Núcleo Ambiental da Ilha Marabá, entre outras medidas. O processo é lento e precisa do apoio da sociedade para avançar.
Não exige prática nem habilidade separar lixo seco do lixo úmido (orgânico), aderindo à coleta seletiva. Afinal, toneladas de recicláveis seriam reaproveitadas, evitando o consumo de recursos naturais e reduzindo a quantidade de rejeitos a serem dispostos, atualmente, em nefastos aterros (e, espero, em modelos de tecnologia limpa, num futuro próximo).
Nunca é tarde para frear maus hábitos, inclusive os involuntários, como desperdiçar água ou jogar lixo na rua. A sujeira vai para bueiros e bocas de lobo, fazendo qualquer chuva virar causa de enchentes. É preciso exercitar a cidadania e ter consciência de cuidar melhor daquilo que é de todos.
O aculturamento tem de começar pela educação formal, já na infância, e avançar para quem está fora das escolas. Em parceria com a sociedade civil, é possível trabalhar para mudar o comportamento individual e estabelecer uma nova conduta social. Pequenos gestos de gentileza trazem grandes resultados para o meio ambiente e para a qualidade de vida das gerações atual e futuras.
*Junji Abe é deputado federal pelo PSD-SP