Fico impressionado em saber que mesmo depois de quase três décadas passadas da ditadura militar, que dominou o país por vinte e um anos, alguns vícios e cacoetes de setores importantes de nossa sociedade insistem em não passar.
Somos uma democracia muito jovem, caminhamos para a nossa sétima eleição presidencial, ainda. Mesmo assim, já demos sinais contundentes de maturidade. Elegemos o mais jovem presidente da história – Fernando Collor – as instituições foram capazes de afastá-lo sem traumas, danos ou sequelas à nossa democracia. Pelo contrário, passamos ao mundo a mensagem que estamos em constante evolução e nos reencontrando com o “tempo perdido”, ou que nos fizeram perder.
Temos uma economia consolidada no cenário internacional, que em grande parte, é devido ao sucesso do agronegócio brasileiro, setor da economia que promoveu uma verdadeira revolução no campo, que outrora confundiam com reforma agrária, e que represento com muita honra no Congresso Nacional.
Nos passos da consolidação de nossa democracia, sempre encontramos quem nos acuse de termos “partidos demais” – hoje, trinta, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Preferem tratar de maneira simplista e “barata” um assunto sério e que merece mais atenção e profundidade em seu debate. Alguns cometem o absurdo de afirmar que naquela que é considerada por muitos como a maior democracia do Planeta, os EUA, só existirem dois partidos: democrata e republicano.
Além de ser uma inverdade facilmente comprovada, pois nos EUA existem mais de setenta partidos, lá não verificamos as exigências absurdas que temos na legislação partidária brasileira. Distorções que geram e alimentam uma estrutura política e partidária agonizante e que clama por reformas urgentes. Um exemplo disso é a obrigatoriedade do partido no Brasil ser nacional.
É inconcebível mesmo no mundo globalizado em que vivemos uma legenda representar com o mesmo equilíbrio de forças os interesses das regiões Norte e Sul do Brasil, por exemplo. As demandas sociais do morador do Norte não são, necessariamente, as mesmas do seu patrício do Sul. Veja quanto desequilíbrio promove a nossa legislação eleitoral!
Na esteira da construção de um novo Brasil e da formatação de um modelo moderno de democracia, surgiu o Partido Social Democrático (PSD), tendo como principal líder, Gilberto Kassab, o ex-prefeito de São Paulo, a maior cidade da América Latina.
Somos hoje a terceira bancada na Câmara dos Deputados, em apenas um ano de fundação. Fomos o partido que mais elegeu prefeitos no Nordeste em 2012, por exemplo. No total, saímos de nossa primeira eleição municipal na 4ª posição, com 497 prefeitos eleitos, inclusive de uma importante capital, Florianópolis.
Viemos, e os números mostram isso, para atender o clamor do eleitor brasileiro por mudanças também em nossa estrutura partidária. Eu, por exemplo, fui escolhido pela legenda para, juntamente com o deputado federal Hugo Napoleão, do Piauí, trabalharmos na reforma eleitoral na Câmara dos Deputados. Não tenho a menor dúvida que avançaremos bastante nesse sentido.
Diante desse cenário – real e extremamente positivo para o Brasil e para a nossa democracia – é inaceitável a insistência de alguns setores de nossa sociedade e, lamentavelmente, de parte da nossa grande imprensa, em não aceitar algo além daquele tradicional e falido modelo do adesismo ao governo de plantão, ou a opção da oposição radical. Se o PSD adere ao governo certamente será considerado adesista, oportunista e interesseiro. Se declinarmos do convite, pecamos pelo excesso de ambição. Difícil entender.
A possibilidade de vias, ou alternativas, para a construção de um debate em torno das questões nacionais permite muito mais que apenas esses dois lados. Quando existem propósitos como os que norteiam o PSD, essas possibilidades são infinitas e estarão sempre, embora esses setores se recusem a aceitar, muito acima da bipolaridade de posicionamento que nos impôs a ditadura militar e que alimenta os saudosistas que ainda não compreenderam ou não aceitam o papel do PSD na construção de um novo Brasil.
*Rubens Moreira Mendes Filho é deputado federal pelo PSD-RO e foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).