Clima de guerra
O clima conflagrado entre governo e oposição marcou os trabalhos de ontem da comissão de impeachment. As discussões duraram meia hora até o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), decidir que daria a palavra aos convidados, os juristas Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoai, antes de questionamentos regimentais. Após um tumulto, com parlamentares de dedo em riste na mesa que conduzia a sessão, começou a apresentação.
A reunião terminou do mesmo jeito conflagrado. Rosso encerrou os debates de forma abrupta, argumentando que que as votações no plenário da Câmara estavam começando. Em novo tumultuo, os deputados Caio Nárcio (PSDB-MG) e Ivan Valente (PSOL-SP) trocaram empurrões.
Provocações e gritos de lado a lado permearam as duas horas e meia de sessão. Deputados pró-impeachment empunhavam cartões vermelhos com a expressão “Impeachment, Já!” Osparlamentares a favor da presidente Dilma Rousseff e servidores da Casa empunhavam cartazes com a frase “Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe” Em meio às exposições dos juristas, parlamentares e servidores gritavam palavras de ordem.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que defende Dilma, foi alvo de uma provocação. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), leu um trecho de discurso feito pela parlamentar na época do afastamento do ex-presidente Collor em que ela dizia que “golpismo é atacar o Congresso, é o presidente não ter a dignidade de renunciar a um cargo que não mais lhe pertence pela legitimidade do voto popular”
Deputados da oposição gritaram o nome da parlamentar. Jandira reagiu: afirmou que há “uma imensa diferença” entre as duas situações. Disse que não havia movimentos de rua a favor de Coflor e atacou o vice-presidente Michel Temer, comparando seu posicionamento ao de Itamar Franco, que assumiu após Collor cair. Disse que “não havia naquele momento uma articulação golpista comandada pelo vice-presidente da República”.