O Globo: PSD irá enfrentar Eduardo Cunha na reforma política

Partido irá defender manutenção do sistema eleitoral atual com algumas alterações

BRASÍLIA — O PSD, partido do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, decidiu enfrentar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na reforma política que será votada nesta terça-feira na Casa. Ao contrário do que deseja Cunha e parte do comando do PMDB, que é implementar o sistema eleitoral chamado distritão, em que os candidatos mais votados se elegem, sem que seja considerado o quociente partidário, a liderança do PSD anunciou que irá defender a manutenção do modelo atual, com algumas alterações.

Após reunião do partido, o líder Rogério Rosso (DF) disse que irá apresentar emenda aglutinativa ao texto da reforma política pela manutenção do atual modelo do sistema eleitoral, propondo duas alterações: na sobra entram os mais votados, independentemente do partido, e um piso de 15% do coeficiente eleitoral para o candidato. O PSD também anunciou que irá defender o fim das coligações nas eleições proporcionais.

“Infelizmente, esta Casa vai debater a reforma sem conhecer o texto com 24 horas de antecedência. Tivemos uma comissão que debateu o texto, mas que não conseguiu votar o relatório. E, em um procedimento pouco habitual, teremos que votar uma matéria sem conhecê-la”, pontuou.

Os líderes partidários estão reunidos na Presidência da Câmara, onde discutem os últimos ajustes para a votação que terá início à tarde no plenário. Ficou definido que a votação será em grupos, nesta ordem: sistema eleitoral, financiamento de campanha, manutenção ou não da reeleição, tempo dos mandatos, coincidência das eleições, cota para mulheres, fim das coligações proporcionais, cláusula de barreira, voto obrigatório e dia da posse do presidente da República.

O PT está em reunião paralela do partido para definir qual será a estratégia do partido na votação. Há expectativa de que os petistas tentarão barrar a aprovação do distritão. Para aprovar cada mudança, é preciso ter no mínimo 308 votos dos deputados.

Ontem, a comissão especial que discute a reforma política foi enterrada sem a votação do relatório final produzido após 4 meses de discussões. O relator Marcelo Castro (PMDB-PI) foi destituído, e o presidente da comissão, Rodrigo Maia (DEM-RJ), indicado por Cunha para relatar a reforma direto no plenário.

Em seu Twitter, hoje, Cunha pediu desculpas a Marcelo Castro por “qualquer constrangimento causado” no processo. O presidente da Câmara afirmou que a decisão de votar diretamente no plenário não teria sido sua, mas “pelo desejo da maioria dos líderes”.

“Peço desculpas a ele por qualquer constrangimento que tenha sido causado, não era essa a intenção”, twittou Cunha.

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