BRASÍLIA – O PSD formalizou nesta quinta-feira apoio à candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) à Presidência da Câmara. Nos cálculos do deputado, agora são 126 votos dos 257 necessários para ser eleito em primeiro turno. Durante o anúncio, Chinaglia aproveitou para rebater acusações de seu principal adversário, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que estaria havendo interferência do governo na disputa.
– Você acha normal o vice-presidente da República apoiar uma candidatura? A mim atribuíram ser suposto beneficiário de uma ação do governo. Sob o ponto de vista democrático, o vice-presidente tem toda legitimidade e não vou reclamar porque ele assinou uma nota apoiando o candidato do PMDB. Vejo normal, mas nunca tive ministro me recebendo no aeroporto, nem coordenador de campanha dizendo que tem pressão dos governos estaduais e o pai foi nomeado há dias para um cargo num estado governado pelo PT – disse Chinaglia.
Gilberto Kassab vinha mantendo conversas com Eduardo Cunha, mas sua escolha para compor o ministério pesou na definição de apoio ao PT. O anúncio foi feito pelo deputado eleito Rogério Rosso (PSD-DF), que afirmou ser “natural a opção do partido, já que integra a base de apoio à presidente Dilma Rousseff. Rosso afirmou que a decisão partiu após consultas aos 36 deputados da bancada que estarão na Câmara a partir de 1 de janeiro e descartou interferência do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, na escolha.
– O ministro Kassab está absolutamente focado nas atividades do Ministério das Cidades. Ele deixa muito à vontade seus dirigentes regionais. O PSD integra a base de apoio da presidente Dilma, portanto é uma questão bem natural – disse Rosso.
Chinaglia minimizou um possível mal-estar entre PT e PMDB após a eleição da Mesa Diretora após as declarações de Eduardo Cunha, via Twitter, de que a bancada do PMDB não reconheceria mais Henrique Fontana (PT-RS) como líder do governo após ter criticado o peemedebista pela divulgação de uma suposta armação para atingir sua candidatura.
– Não é meu papel me intrometer numa relação de uma ou outra bancada. Se eu vier a perder, a vida segue normal, não vou carregar isso para o resto do mandato. Nós somos 513, não tenho essa fixação pelo Eduardo Cunha. Já fui presidente da Câmara, os antigos me conhecem e sou respeitado aqui.
O petista disse ainda que não há acordo de reciprocidade com o candidato apoiado pela oposição, Júlio Delgado (PSB-MG), mas que irá votar nele se estiver fora do segundo turno.
– Prefiro um candidato que, quando fala, prova, que não insinua, que tem um padrão político que agrega. É nesse sentido que, seu eu não for para o segundo turno, prefiro o Júlio. Mas não quero contrapartida da parte dele – disse.