Em reunião na 2ª feira, deputados vão sugerir saída da presidência da Câmara
Maria Lima, Leticia Fernandes E Isabel Braga opais@oglobo.com.br
No momento em que a situação jurídica e política do deputado Eduardo Cunha (PMDBRJ) se agrava e caminha para um desfecho que indica a perda do mandato, o presidente afastado da Câmara convocou líderes e aliados para uma reunião segunda-feira e deve fazer um pronunciamento no dia seguinte, terça-feira, em um hotel de Brasília. Depois da aprovação da cassação no Conselho de Ética, Cunha quer discutir com aliados “uma saída” Os integrantes de sua base vão aproveitar a reunião para reforçar a sugestão de que ele renuncie à presidência para sair do fogo cerrado e cuidar de sua defesa.
Já foram convocados para o encontro líderes do Centrão – Aguinaldo Ribeiro (PP), Rogério Rosso (PSD) e Jovair Arames (PTB) – e fiéis escudeiros de Cunha, como Carlos Marun (PMDB-MS) e Paulinho da Força (SD-SP). Cunha tem negado, até agora, que esteja pensando em fazer delação premiada no âmbito da Lava-Jato, o que apavora a cúpula do PMDB e do governo Michel Temer.
– Vou voltar a dar coletiva normal confirmou Cunha.
Um dos mais próximos aliados de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que vai aproveitar a reunião de segunda-feira para defender. pela terceira vez, que ele renuncie para cuidar da defesa nos inquéritos da Lava-Jato e no processo de cassação em plenário.
– O deputado Eduardo Cunha me ligou e perguntou se eu estaria aqui segunda-feira. Já sugeri a renúncia em duas oportunidades e vou aproveitar a reunião para falar de novo. A permanência do Eduardo à frente da presidência da Câmara, mesmo afastado, atrapalha o seu processo, tanto para ele quanto para o andamento da Casa. Entendo que o melhor que ele e a presidente Dilma poderiam fazer era renunciar e ir cuidar de suas defesas. Não digo nem que tenha anéis para entregar nesse momento. O principal da vida é sua defesa – disse o deputado Marun.
Na pauta do encontro, além da situação de Cunha, também será discutido quem pode ser o novo presidente da Câmara. A reunião será na residência oficial do presidente da Casa.
– Ele disse que quer discutir uma saída sobre o
processo de cassação dele e falar da sucessão – Eu sempre converso com deputados – disse Cunha, negando a formalidade da reunião.
Em reuniões com parlamentares da base e de oposição ao governo Temer ao longo da semana, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), disse que vai retirar a consulta feita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que poderia beneficiar Cunha na votação de seu processo de cassação no plenário da Cámara. Até o início da noite de ontem, no entanto. Maranhão não tinha formalizado a retirada. Segundo deputados que participaram dos encontros. Maranhão teria deixado clara sua intenção de concretizar o ato e apenas quis saber o melhor momento para que isso fosse feito. A consulta é o primeiro item de votação da sessão da CCJ marcada para a próxima segunda-feira.
Deputados de diferentes partidos, tanto da base aliada de Michel Temer como da oposição ao governo, sustentaram a Maranhão que a condisse um deputado aliado, consulta assinada por ele perdeu sua razão de ser depois que o Conselho de Ética aprovou o pedido de cassação de Cunha.
Mesmo entre aliados de Maranhão não estão claras suas motivações para essa retirada da consulta à CCJ. Ele continua a nutrir boa relação com Cunha, mas é descrito porparlamentares como alguém que “não suporta pressões” Um deputado resumiu o temperamento de Maranhão:
– Ele é igual a azeitona em boca de banguela, escorrega para todos os lados, vai da esquerda à direita de acordo com as pressões,
O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de deputados do PSOL para suspender alguns benefícios garantidos a Cunha. O presidente afastado da Câmara continua tendo direito ao uso da residência oficial, segurança pessoal, assistência à saúde, transporte aéreo e terrestre, salário integral, e equipe a serviço do gabineteparlamentar.
{Colaborou André de Souza)
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“Já sugeri a renúncia em duas oportunidades aproveitar a reunião para falar de novo”
Carlos Marun
Deputado (PMDB-MS)