Sistema é defendido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e pelo PT
Isabel Braga
Brasília – Defendida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo PT, a mudança do sistema eleitoral para o chamado voto em lista nas eleições proporcionais foi rechaçada pelos partidos do centrão, em jantar com o presidente da comissão da reforma política, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), na última segunda-feira. Os líderes do centrão sustentam que esse tipo de sistema eleitoral dá muito poder aos presidentes departidos e encontrará muita resistência nas bancadas. A proposta já encontra resistência no PSDB – que defende o voto distrital – e no DEM de Rodrigo Maia.
– Indiquei o deputado Efraim Filho (PB) para a comissão. Mas, na bancada, não tem voto a favor do voto em lista – afirmou o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).
Rodrigo Maia, como presidente, não costuma votar a não ser em caso de empate.
– A maioria dos partidos do centrão não quer o voto em lista. Será partido virar cartório – afirmou o líder do PR, Aelton de Freitas (MG).
– O povo brasileiro quer votar em pessoas e não em uma lista fria. Não fizemos reunião formal, mas sinto que na bancada do PSD há resistência ao voto em lista – acrescentou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).
A comissão criada por Rodrigo Maia ainda aguarda a indicação de nomes. Até ontem à noite, dez dos 34 integrantes tinham sido indicados. Lúcio Vieira Lima quer instalar a comissão amanhã, mas aguarda que os demais partidos apresentem seus nomes. Ele almoçou ontem com o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que será o relator, para traçar a estratégia de andamento dos trabalhos da comissão. Além do sistema eleitoral, a comissão também deverá debater o financiamento das campanhas.
Os líderes admitem que não há clima para a volta do financiamento empresarial. Há quem defenda a criação de um fundo para as campanhas e os que defendem o aumento os recursos do fundo partidário nos anos eleitorais. Na reunião com o centrão, Lúcio evitou se posicionar.
– Vamos ouvir as propostas e debater as soluções – disse o peemedebista.
O presidente da Câmara voltou a defender ontem a necessidade de aproveitar o encerramento das eleições municipais para discutir a reforma política. E novamente promoveu a tese do voto em lista fechada. Maia diz que esse modelo promoverá a redução no número de partidos e o barateamento das campanhas. Hoje, diz, há um movimento pelo financiamento público e pela manutenção da proibição da doação empresarial.
– O que é inconstitucional é o brasileiro não se sentir representado por esse modelo. Metade da população não votou ou se absteve, ou votou nulo ou branco. Se a gente não entender que o problema é a falta de legitimidade desse modele a gente vai estar cometendo um erro – disse Maia. (Colaborou Catarina Alencastro)