Já petistas vão questionar legalidade do processo de impeachment
A primeira semana após instalada a comissão do impeachment na Câmara será decisiva para determinar o ritmo do andamento dos trabalhos. Enquanto petistas pretendem questionar a legalidade do processo apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), e o aditamento da delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) à denúncia, a oposição quer encurtar ao máximo o andamento dos trabalhos e se ater à representação original, focando nos requerimentos que pedem a ida à comissão do presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, e dos autores da petição original, os juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Junior. Para os oposicionistas, o alongamento das discussões favorece o governo, que teria mais tempo para protelar e judicializar o processo.
O cronograma dos trabalhos da comissão será apresentado hoje pelo presidente, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), após submetê-lo ao relator do processo, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), num almoço em Brasília. Rosso passou o fim de semana debruçado sobre a denúncia e sinalizou que pretende dar celeridade ao andamento. O presidente disse que a comissão deverá fazer duas reuniões nesta semana. Notificada na semana passada, a presidente Dilma Rousseff tem dez sessões para apresentar sua defesa, prazo que deve acabar na semana que vem.
O deputado Paulo Teixeira (PT- SP) disse que estuda apresentar uma questão de ordem sobre a legalidade do processo aberto por Cunha, linha que também deverá ser adotada por Dilma. Os 65 votos da comissão serão disputados um a um, e tanto governo quanto oposição admitem placar apertado. Para petistas, o jogo está “empatado”; a oposição fala em “maioria sem folga”
– Deputado tem um medo danado do eleitor, e queremos jogar com essa pressão popular, e fazer mapa de votos e acompanhamento pela internet – disse Mendonça Filho (DEM-PB).
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que o PT vai usar tudo que estiver a seu alcance:
– Queremos uma discussão profunda dos aspectos jurídicos do impeachment, ninguém nem fala mais em pedalada fiscal, virou totalmente político.
A ala do PMDB pró-impeachment comemorou a divulgação de conversas de Lula na semana passada. Expoentes do partido que pregam o desembarque do governo acreditam que ele se inviabilizou como negociador com a outra parte do partido fiel a Dilma e que, por isso, a debandada do Executivo será maior dia 29.
– O pacto é que até 29 de março, dia do desembarque, ninguém se movimenta. Daí em diante temos que aguardar a aceitação do processo de impeachment na Câmara – diz um peemedebista pró-rompimento.
O vice Michel Temer se mantém submerso. A aposta do time anti-Dilma é que as circunstâncias levem a um fim próximo do governo por conta das manifestações. Parlamentares são facilmente contaminados pelas mas em ano eleitoral, argumenta um peemedebista. (Leticia Fernandes e Catarina Alencastro)