O Globo Online: Suplentes discutem por direito a voto na Comissão do Impeachment

Deputado chegou com mais de três horas de antecedência para tentar votar

BRASÍLIA – Previsto para começar às 10h, a sessão desta segunda-feira da Comissão do Impeachment ainda não começou. Mas nem por isso deixou de ser pano de fundo de tumulto. A possibilidade de votar no lugar de titulares (o que deve ocorrer de fato no início da noite) que faltarem à reunião levou deputados a discutirem antes do início dos trabalhos. Como o painel para registro de presença foi aberto às 10 horas, houve disputa pelo primeiro lugar da fila. Ao menos um titular faltou: o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) está internado no Rio com suspeita de gripe H1N1.

O deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), pró-impeachment, disse ter sido o primeiro a chegar, às 6h40. Ele organizou uma lista informal de acordo com a ordem de chegada para que fosse organizada uma fila. O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), governista, porém, tentou se posicionar ao lado do painel para registrar a chegada primeiro. Deputados perceberam e houve um início de tumulto. Alguns parlamentares da base brincaram que viram Hildo Rocha antes e bateram boca. O deputado Vitor Valim (PMDB-CE), que é o terceiro da lista, colocou uma cadeira para “guardar lugar”. O segundo suplente na lista é Bruno Araújo (PSDB-PE). Hildo argumenta que chegou cedo também e que a lista criada não tem validade.

A primeira confusão durou poucos segundos. Os deputados pró-impeachment tiraram Hildo Rocha de perto do painel. O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) brincou dizendo que viu Hildo primeiro que os outros, o que gerou protesto entre os colegas.

Poucos minutos depois houve outra confusão. O deputado Marun (PMDB-MS) fez um discurso político sobre a polêmica.

– Não respeitam nem fila, como que vai querer respeitar o Brasil? – questionou Marun.

– Estão nervoso porque sabem que vão perder no final. Não vai ter golpe – retrucou Orlando Silva.

A disputa para registrar a presença aconteceu porque esse será o critério para decidir qual parlamentar votará no lugar dos faltantes. Na semana passada, o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), decidiu que a suplência seria por bloco. No caso do PMDB, o bloco tem 14 partidos, incluindo o SD de Laudívio. A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), por sua vez, ressalta ter feito nova questão de ordem sobre o tema e espera que Rosso reveja sua posição.

O painel para registro foi aberto as 10 horas em ponto. Além do painel na entrada da sala era possível registrar nos demais terminais da sala da comissão. No bloco do PMDB, que tem 14partidos e a ausência certa de Washington Reis, o mais rápido foi o deputado Laudívio Carvalho (SD-MG), que chegou às 6h40 e tem posição a favor do impeachment. Ele registrou presença às 10:00:23. O segundo colocado foi Alberto Filho (PMDB-MA), que é contra impeachment. Por isso, a decisão de Rosso se manterá a suplência por bloco ou fará por partido será fundamental para decidir esse voto.

No bloco do qual participa o PR, cujo líder Maurício Quintella Lessa (AL) cogitava a ausência, os dois primeiros suplentes que registraram presença foram Benedita da Silva (PT-RJ) e Orlando Silva (PC do B-SP), ambos governistas. No bloco do PSB, do ainda indeciso Bebeto, o tucano Bruno Araújo (PE) foi o primeiro a registrar, seguido de JHC (PSB-AL). Nesse caso, todos os suplentes são a favor do impeachment.

O governo já dá como certa a derrota na Comissão do Impeachment e por isso intensifica suas ações para garantir um resultado favorável na votação do tema pelo plenário da Câmara, neste fim de semana. O ex-presidente Lula já articulou encontros com dirigentes de diversos partidos ao longo da semana em Brasília, e os ministros vão reforçar as negociações comparlamentares na busca dos votos necessários. A previsão é de que os 65 deputados da Comissão do Impeachment comecem a votar no início da noite.

Eduardo Bresciani e Evandro Éboli

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