Jovair Arantes adiantou a colegas de partido que será favorável ao impeachment de Dilma
BRASÍLIA – A sessão para a leitura do parcer do relator do processo de impeachment na comissão especial, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), começou, por volta das 15h desta quarta-feira, com uma confusão devido à presença de representantes da Advocacia-Geral da União (AGU) que desejavam usar a palavra. O presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), decidiu que somente parlamentares poderão apresentar os questionamentos regimentais. Ele sugeriu que os advogados municiassem deputados nesse sentido.
Deputados da oposição queriam a retirada dos funcionários da AGU. Rosso autorizou que eles ficassem no local, não podendo apenas usar da palavra. Houve muita gritaria de parte a parte.
Antes da sessão, o relator adiantou a colegas do partido que apresentará parecer favorável ao impedimento da presidente da República Dilma Rousseff. O relator pretende ler na íntegra o relatório de 135 páginas.
Antes do início da sessão, uma enorme fila de deputados foi formada no plenário onde ocorre a reunião da comissão. Eles disputavam quem se inscrevia primeiro e, assim, teria preferência no momento dos discursos. Parlamentares da base do governo e da oposição ocupavam a fila e até brincavam um com o outro. Um raro momento de alguma discontração entre eles.
Paulo Maluf (PP-SP) era um dos primeiros da fila.
– Estou aqui. Agora quero ver se vão me deixar falar – disse Maluf.
Ivan Valente (SP), líder do PSOL, disse que nunca viu tantos oradores na Casa.
– Deve ter uns 513 aqui agora – disse Valente, se referindo à totalidade do número de deputados.
Parlamentares de um lado e outro fazem piadas.
– Ô Arlindo, você tá furando fila – disse um oposicionista a Arlindo Chinaglia (PT-SP).
– Aqui não tem esse negócio de ser maior ou menor bancada, não. É quem chegou primeiro – disse outro deputado.
A disputa é voto a voto na comissão do impeachment na Câmara, segundo levantamento do GLOBO com os 65 integrantes do colegiado, feito entre segunda e terça-feira. A oposição reúne hoje 30 votos a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff e está a três de formar maioria. Precisa, para isso, ganhar adeptos entre os 17 deputados que se declararam indecisos. Outros 18 se manifestaram contra a continuidade do processo. O cenário, porém, é imprevisível, já que ainda faltam orientações partidárias, e posições vêm sendo alteradas com a atuação do governo sobre algumas legendas.
Ontem, o presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), fez uma reunião com os líderes partidários para fechar acordo sobre o procedimento de votação. Acertou-se de se iniciar a discussão do relatório após o encerramento da sessão do plenário na sexta-feira, que será iniciada pela manhã. A discussão não será feita no sábado e domingo, será retomada na manhã de segunda-feira e às 17 horas deste dia será iniciado o processo de votação. Rosso disse que ainda fará os cálculos para decidir se haverá necessidade de reduzir o tempo de 15 minutos, previsto regimentalmente, para a fala de cada deputado.
Evandro Éboli