Defende também fim das vaquejadas e da briga de galo; bancada ruralista é contra
BRASÍLIA – O deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP), relator da CPI que investiga casos de maus-tratos aos animais, apresentou seu parecer final à comissão em que recomenda a proibição do uso de animais em eventos como rodeios, vaquejadas e rinhas de briga de galo, que já é vedado, mas a prática é comum. O documento requer ainda o endurecimento das penas para quem for condenado por submeter os animais a condições degradantes. O deputado pede também o indiciamento de 13 pessoas envolvidas em casos de abuso analisados pela CPI.
O relator classificou os rodeios uma “prática antiquada” que deve ser proibida “urgentemente”, pois submete os animais a açoites. Tripoli defendeu que, no caso das rinhas, a pena para os responsáveis seja e três a cinco anos de prisão. Mas, para o presidente da comissão, deputado Ricardo Izar (PSD-SP), esse é um dos pontos mais controversos do relatório.
– O que vai dar mais polêmica é a questão dos rodeios e da vaquejada, pois existe uma bancada ruralista grande que é favorável a essas práticas. Mas eu considero que todo e qualquer tipo de maus-tratos deve ser abolido – ponderou o deputado.
Na semana passada, todos os titulares da CPI pediram vista conjunta para ter mais tempo para analisar o texto. O documento de 400 páginas deve ser votado até esta sexta-feira, quando termina o prazo da CPI, mas pode ser prorrogado.
Segundo Izar, ao todo, cerca de oito mil denúncias de maus-tratos foram encaminhadas à comissão. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu no Rio Grande do Norte, em que carne de jumento teria sido servida aos presos do estado. Por isso, o relator quer o comércio de cavalos para consumo também seja criminalizado. Tripoli também sugeriu por fim ao extermínio de cães e gatos para evitar um alastramento da leishmaniose, como o que ocorreu no Pará.
O texto prevê que a tramitação 40 projetos de lei que tratam desse tema tenham prioridade e sejam encaminhados para votação no plenário da Casa.
Uma das propostas pretende proibir o uso de animais em espetáculos de circo. Outra, quer criminalizar a prática de zoofilia (pessoas que fazem sexo com animais). Ainda há outra medida, que já está na pauta de votações do plenário, e prevê que a pena máxima por crime de maus-tratos aumente de um para três anos de prisão. (* Estagiária, sob supervisão de Evandro Éboli)
Jéssica Moura *