Integrantes de sua base defendem que ele deixe o cargo para sair do fogo cerrado
BRASÍLIA – No momento em que a situação jurídica e política do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se agrava e caminha para um desfecho que indica a perda do mandato, o presidente afastado da Câmara convocou líderes e aliados para uma reunião segunda-feira e deve fazer um pronunciamento no dia seguinte, terça-feira, em um hotel de Brasília. Depois da aprovação da cassação no Conselho de Ética, Cunha quer discutir com aliados “uma saída”. Os integrantes de sua base vão aproveitar a reunião para reforçar a sugestão de que ele renuncie ao cargo para sair do fogo cerrado e cuidar de sua defesa.
Já foram convocados para o encontro líderes do Centrão – Aguinaldo Ribeiro (PP), Rogério Rosso (PSD) e Jovair Arantes (PTB) – e fiéis escudeiros de Cunha, como Carlos Marun (PMDB-MS) e Paulinho da Força (SD-SP). Cunha tem negado, até agora, que esteja pensando em fazer delação premiada no âmbito da Lava-jato, o que apavora a cúpula do PMDB e do governo Michel Temer.
– Vou voltar a dar coletiva normal – confirmou Cunha.
Um dos mais próximos aliados de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que vai aproveitar a reunião de segunda-feira para voltar a defender, pela terceira vez, que ele renuncie para cuidar da defesa nos inquéritos da Operação Lava-Jato e no processo de cassação em plenário .
– O deputado Eduardo Cunha me ligou e perguntou se eu estaria aqui segunda-feira. Já sugeri a renúncia em duas oportunidades anteriores e vou aproveitar a reunião para falar de novo. A permanência do Eduardo a frente da presidência da Câmara, mesmo afastado, atrapalha o seu processo, tanto para ele quanto para o andamento da Casa. Entendo que o melhor que ele e a presidente Dilma poderiam fazer era renunciar e ir cuidar de suas defesas. Não digo nem que tenha anéis para entregar nesse momento. O principal da vida é sua defesa – disse o deputado Marun.
Na pauta do encontro, além de sua situação, também articulações para discutir quem pode ser o novo presidente da Câmara. A reunião acontecerá na residência oficial do presidente da Casa.
– Ele disse que quer discutir uma saída sobre o processo de cassação dele e falar da sucessão – disse um deputado aliado.
– Eu sempre converso com deputados – disse Cunha, negando que seja uma reunião formal.
Maria Lima e Letícia Fernandes