Enquanto processo de impedimento contra Dilma tramitar no Parlamento, atribuições ficarão a cargo do vice-líder
BRASÍLIA – Recém-escolhido para presidir a Comissão do Impeachment na Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) resolveu se afastar temporariamente da função de líder do partido na Casa. Enquanto o processo de impedimento contra a presidente Dilma Rousseff (PT) tramitar no Parlamento, as atribuições como líder ficarão a cargo do vice-líder do PSD, deputado Paulo Magalhães (BA), um dos nomes da legenda que integram a Comissão de Impeachment.
Pela divisão das bancadas federais na Câmara, o PSD teve direito a indicar quatro titulares, sendo um deles o próprio Rosso. Paulo Magalhães é visto por parlamentares como um voto mais governista, contrário ao impeachment.
Em nota, o PSD afirmou neste sábado que o afastamento temporário do agora presidente da comissão acontece para que o parlamentar “preserve sua imparcialidade e foco absoluto nos trabalhos da comissão”.
O PSD é comandado pelo hoje ministro Gilberto Kassab (Cidades), aliado de Dilma. Na Câmara, no entanto, o partido está longe de representar o DNA governista do criador da legenda. A bancada está dividida entre os que se mantém pró-governo e aqueles que votam contra o Palácio do Planalto. O próprio Rosso é visto como uma “incógnita” por integrantes do governo.
Na última quinta-feira, a Câmara elegeu a comissão especial que julgará o impeachment e, com o apoio da oposição e de parte da base aliada, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiu emplacar como relator um de seus aliados mais próximos: o líder do PTB, Jovair Arantes (GO). O acordo, firmado sem a presença do PT e do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), garantiu também que Rosso fosse escolhido para presidir a comissão. O acordo incluiu o veto ao PT até mesmo nas vice-presidências da comissão, que contemplou o PSDB, o PSB e o PR.
Leticia Fernandes