Confira o que disseram os 14 deputados na tribuna do plenário
BRASÍLIA – Os 14 candidatos à presidência da Câmara que discursaram na noite desta quarta-feira pregaram a valorização do Legislativo. Embora disputem um mandato-tampão para suceder Eduardo Cunha (PMDB-RJ) que vai durar até fevereiro, os deputados prometeram mudar a imagem da Casa. Confira abaixo o disseram na tribuna do plenário.
RODRIGO MAIA (DEM-RJ)
Primeiro candidato a discursar, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que a eleição para o mandato tampão, que dura só até fevereiro de 2017, é “anti-natural”. Ele pediu votos para ajudar o país a “navegar pelas tormentas” que ainda estão por vir e acenou aos partidos do campo da esquerda, dizendo que um bom presidente deve buscar o consenso.
– Uma Câmara fraca, imobilizada, refém da vontade de poucos faz a fraqueza de todos nós. Estarmos aqui hoje é anti-natural, trata-se de uma eleição atípica – ressaLtou
Maia disse ainda que o Parlamento não deve ser “arena” para “sacramentar pequenas vinganças”:
– A Câmara dos Deputados não é arena para expor defeitos mesquinhos, muito menos para sacramentar pequenas vinganças.
EVAIR DE MELO (PV-ES)
O segundo candidato a falar foi Evair de Melo (PV-ES). Em seu discurso prometeu um trabalho que poderia colocar o Brasil novamente em ordem, caso seja eleito.
– Venho oferecer ao nosso Brasil todo o meu empenho, trabalho árduo e minha completa dedicação. Colocar o nosso país nos trilhos e na ordem, desenvolvimento e progresso – declarou.
MIRO TEIXEIRA (REDE-RJ)
O deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) iniciou seu discurso afirmando que não pediu votos e que espera chegar em “último” ou “penúltimo”.
– Me inscrevi nessa disputa como aquele maratonista que deseja correr os 40 quilômetros, mas sabe que pode chegar em último ou penúltimo, mas que não seria possível ficar fora – disse Miro.
Ele leu um manifesto de entidades que elencam uma lista de propostas e medidas que deveriam ser tomadas pelo novo presidente da Casa. Afirmou ainda que a população apoia o combate à corrupção por entender que era pior quando os crimes não eram descobertos.
FERNANDO GIÁCOBO (PR-PR)
Candidato que ameaça a ida do favorito do centrão, Rogério Rosso (PSD-DF), ao segundo turno da eleição para presidente da Câmara, o atual segundo vice-presidente Fernando Giácobo (PR-PR) foi bastante aplaudido em seu discurso, marcado por forte defesa da classe política e do Legislativo. Ele lembrou que, na interinidade do presidente Waldir Maranhão (PP-MA), adquiriu experiência e dirigiu grande partes das sessões nas quais foram votados “importantíssimas matérias”.
– Temos que representar e afirmar em todos os momentos, de forma contundente, especial nos próximos sete meses, a prerrogativa do poder Legislativo, único caminho para o Brasil atravessar com sucesso esse difícil período da nossa História – discursou Giácobo.
CRISTIANE BRASIL (PTB-RJ)
A quinta candidata à presidência da Câmara a discursar foi Cristiane Brasil (PTB-RJ). Para a filha do delator do Mensalão, Roberto Jefferson, as crises do país vão além do campopolítico e tem como marco as manifestações que ocorreram no Brasil em 2013.
– Eu não me lembro de nenhum outro momento na história aonde a população discutiu tão abertamente todos os problemas do país durante tanto tempo. Afinal, eu me lembro que a primeira grande manifestação que nós tivemos ocorreu de forma espontânea a partir de 2013 – lembrou.
LUIZA ERUNDINA (PSOL-SP)
A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) afirmou que a eleição se divide entre os que desejam manter na Casa o “fantasma” Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os que desejam sua cassação.
– São 14 candidatos, mas apenas dois projetos. De um lado estão os que querem uma Câmara desmoralizada, diminuída em sua responsabilidade, manobrada pelo fantasma Eduardo Cunha, que continuará assombrando os que o seguiram por tanto tempo, e do outro lado estão os que conseguiram afastar o presidente réu – disse Erundina.
Ela destacou o fato de nunca nenhuma mulher ter presidido a Casa. Afirmou que sua candidatura é contra o “atraso” e o “conservadorismo”.
FÁBIO RAMALHO (PMDB-MG)
Citando os peemedebistas históricos Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, o mineiro Fábio Ramalho (PMDB-MG), que disputa os votos do partido com o ex-ministro Marcelo Castro (PI), defendeu a necessidade de recuperação da imagem da Câmara e dos políticos, para que possam “voltar a andar pelas ruas e praças desse país, orgulhosos pela função que representam”.
Fábio Ramalho também defendeu a valorização do Poder Legislativo e criticou a excessiva intervenção do Judiciário e do Executivo nas atribuições dos parlamentares. Ele admitiu que é preciso melhorar a imagem do Parlamento, que peca pelo fisiologismo.
– O Legislativo brasileiro se apequenou na discussão fisiológica, na discussão de ninharias. O Parlamento carece de recuperar sua compostura. Parte da sociedade brasileira não acredita na política, precisamos com urgência reverter isso, não podemos ter dúvida de que fora da política não há solução – discursou Ramalho.
CARLOS MANATO (SD-ES)
O deputado Carlos Manato (SD-ES) defendeu, em seu discurso no plenário, ser o candidato que “quer trabalhar”. A bandeira do deputado nesta eleição à presidência da Câmara é ter sessões deliberativas durante toda a semana.
– Eu fiquei três meses estudando o regimento. Quero ser presidente, tenho que debater o regimento em algum momento ( ) Meu compromisso pessoal é de trabalhar mais. Eu vou vir na segunda-feira, na quinta à tarde. Eu vou ficar trabalhando. Vocês ouviram o candidato de vocês falar que quer trabalhar?
CARLOS HENRIQUE GAGUIN (PTN-TO)
O deputado Carlos Henrique Gaguin (PTN-TO) prometeu encaminhar um projeto de lei para que a cada semana uma entidade civil possa encaminhar propostas de projetos de lei, e que sejam encaminhados em regime de urgência. Ele pediu o voto da bancada feminina e dos deputados novatos. Pediu que os funcionários da Câmara liguem para seus deputados e peçam: “Votem no Gaguin”.
– Existem três Poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo. Eu coloco outros dois poderes acima desses: primeiro o poder de Deus e depois o poder dessas mulheres maravilhosas do Brasil e do meu Tocantins – discursou
MARCELO CASTRO (PMDB-PI)
Candidato apoiado pela nova oposição e que provoca preocupação no Palácio do Planalto, o peemedebista Marcelo Castro (PMDB-PI) fez um discurso de independência do Poder Legislativo, sem aceitar imposição do Executivo ou Judiciário. Também falou o que soou como música para os ouvidos dos deputados: se sentar na cadeira de Waldir Maranhão, irá aprovar mudanças na liberação de emendas para que os repasses aconteçam automaticamente, sem a necessidade de apresentação de projetos.
– A luta pela emendas individuais que Henrique Eduardo Alves encampou, foi proposta de Marcelo Castro. Agora está difícil de liberar, mas vamos encontrar uma solução. Se eu sentar naquela cadeira ali onde está meu amigo Waldir Maranhão, vamos também encontrar avançar para passar o recurso automaticamente, sem apresentar projeto, para dificultar a vida do parlamentar. É isso que vamos fazer. E avançar também nas emendas coletivas, acabar com aquele tempo em que o deputado tem que ter bom comportamento, ter nota de serviços prestados ao governo para liberar – prometeu Marcelo Castro.
ROGÉRIO ROSSO (PSD-DF)
Um dos favoritos, o candidato Rogério Rosso (PSD-DF) afirmou em seu discurso que como o mandato é de apenas seis meses não é hora de “inventar a roda”.
– É um momento excepcional, atípico. Não será o momento de inventar a roda, mas de trabalhar com simplicidade, previsibilidade, estabilidade, voltando à normalidade dos trabalhos – disse.
Ele defendeu que a Casa procure sair unida do processo e sugeriu que todos os candidatos tirassem uma foto de mãos dadas.
– Independente de quem vença, a foto que temos de tirar de todos os candidatos é uma foto de mãos dadas para dizer que a partir de agora começa uma nova Câmara – afirmou.
*Estagiário sob supervisão de Paulo Celso Pereira
Maria Lima, Eduardo Bresciani, Isabel Braga, Leticia Fernandes, Júnia Gama e Renan Xavier*