Beto Mansur avalia que o afastamento do cargo ajudaria a estancar ‘sangramento’ da Casa
BRASÍLIA – Primeiro secretário e candidato à presidência da Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) defendeu nesta quinta-feira que o presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renuncie ao cargo. Para Mansur, “já passou da hora” de seu antigo aliado deixar a vaga, o que ajudaria, em sua avaliação, a estancar o “sangramento” pelo qual passa a Câmara.
– Eu acho que ele vai renunciar semana que vem. Não falei com ele, mas acho que ele não pode continuar deixando sangrar a Câmara da maneira como está. Vai fazer dois meses que ele foi afastado semana que vem, seria uma boa hora para ele renunciar. Passou do prazo dele renunciar – disse Beto Mansur ao GLOBO.
O deputado afirma que sua colocação não está relacionada ao fato de ser candidato à sucessão na Casa. A pedido de Cunha, o Palácio do Planalto vem trabalhando para viabilizar o nome de Rogério Rosso (PSD-DF) para o cargo.
– Não dá mais, tem que ter uma nova direção na Casa. Não estou discutindo se sou ou não candidato. Mas o plenário precisa de alguém para assumir a Casa em até cinco sessões para a Casa voltar a funcionar – disse.
Beto Mansur refutou interferência do governo ou de Cunha neste processo de escolha. Disse que a Câmara precisa escolher alguém que represente os deputados, e não quem o Planalto ou o presidente afastado desejam.
– Não tem acordo com ninguém. Os deputados têm que achar alguém que nos represente, não quem o Eduardo ou o governo querem – pontuou.
Mansur insinuou que a eventual renúncia de Cunha pode lhe trazer um efeito favorável na análise do processo de cassação do seu mandato.
– Se o Eduardo renunciar, até colabora com ele mesmo. Esse processo vai vir para o plenário da Câmara e com esse sangramento é muito ruim. Ele teria que dar um sentido de brasilidade, deixar ter nova eleição. Não dá mais para continuar como está. Não sei se vai ter mais boa vontade ou não com ele, mas sei que esse processo de sangramento é muito ruim para todo mundo, inclusive pra ele. Chega, a gente tem que eleger alguém – afirmou.
O deputado evitou se posicionar a respeito da cassação de Cunha. Disse que não fala com o peemedebista “há muito tempo” e que a CCJ ainda precisa avaliar seu processo. Ontem, Cunha reafirmou ao GLOBO, por mensagem de texto, que “não existe renúncia”. Mas, seus aliados mais próximos e interlocutores que trabalham em sua defesa junto ao Supremo Tribunal Federal afirmam que ele de fato deve deixar o cargo em um gesto para tentar evitar ser cassado.
Júnia Gama