Ministro diz que Planalto de administrar o problema ‘da melhor maneira possível’
BRASÍLIA – Parlamentares da base aliada que estiveram reunidos nesta quinta-feira na Câmara com o ministro das Cidades, Bruno Araújo, saíram defendendo uma solução definitiva para dois problemas que, dizem, provocam instabilidade política num momento em que o governo de transição precisa aprovar medidas cruciais para sair da crise econômica e política: a decisão sobre o pedido de cassação do presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, e a substituição do presidente interino, Waldir Maranhão (PP-MA) .
Parlamentares da oposição criticam as manobras de Cunha no Conselho e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e acusam o Planalto de estar atuando para impedir a cassação do peemedebista. Bruno Araújo disse que sua pasta não tem interferência política na articulação dessa solução, mas disse acreditar que o Planalto saberá administrar o impasse que envolve partidos da base.
– Minha pasta não tem atuação no Congresso Nacional, mas eu confio que os ministros Geddel e Padilha vão administrar esse problema da melhor forma possível – disse Bruno.
Membro do Conselho de Ética, o deputado tucano Nélson Marchezan Júnior (RS) diz que nos últimos oito meses Eduardo Cunha vem usando todo tipo de manobra para provar que “trust” não é dinheiro dele. E admite que é complicado para o Planalto administrar as pressões de aliados de Cunha e que Temer está acuado.
– Devido ao cenário político, infelizmente o governo Michel Temer não está agindo como o povo esperava. E isso vai ser assim até a votação final do impeachment. Um parte do grupo de apoio de Cunha coincide com o grupo de apoio de Michel Temer, que está acuado, está todo mundo acuado e o governo muito pressionado – observou Marchezan Júnior.
O tumulto provocado no plenário ontem quando Maranhão tentou comandar a votação da DRU, segundo os aliados, foi a prova cabal de que o comando da presidência da Câmara precisa de uma solução definitiva o mais rápido possível. Partidos da base tentam convencer Maranhão a renunciar a presidência interina, mas ele está irredutível e continua no comando de manobras para beneficiar Eduardo Cunha na Casa.
– Concordo que tem que ter uma solução rápida. Do ponto de vista legal e regimental Waldir Maranhão é o presidente legal, mas ele não reúne condições políticas para comandar a Casa. Cada vez que ele tentar presidir, as reações vão ser maiores – disse Rogério Rosso (DF), líder do PSD, completando:
– No caso de Eduardo Cunha, na semana que vem devemos ter uma solução no Conselho. Já poderíamos ter tido, mas agora as manobras estão em fase final.
– Informações que nos chegam é que o Planalto está pressionando o PRB de Tia Eron, que tem o ministro, para salvar Cunha no Conselho e no plenário. Essa é a conta que tem que ser paga por ele ter aprovado o impeachment que levou Temer ao Planalto – disse o deputado Leo Brito (PT-AC), que não participou da reunião com o ministro das Cidades.
Maria Lima