Tropa de choque do peemedebista quer punição mais branda que cassação /
BRASÍLIA – Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretendem realizar uma nova manobra para tentar salvá-lo da cassação do mandato no Conselho de Ética. Nesta terça-feira, data prevista para a votação do relatório de Fausto Pinato (PRB-SP), que recomenda a continuidade das investigações, deputados da tropa de choque do peemedebista devem apresentar um relatório paralelo pedindo que as investigações se restrinjam apenas à fala de Cunha na CPI da Petrobras.
Na ocasião, o presidente da Câmara compareceu por conta própria à CPI que investigava os desvios na estatal, e afirmou não ter qualquer conta além daquelas declaradas. Mais tarde, quando o Ministério Público revelou que Cunha teria milhões de dólares em contas secretas na Suíça, Cunha admitiu ser beneficiário de trusts no exterior.
A estratégia dos aliados é aprovar esse relatório paralelo, que poderia resultar em uma punição mais branda que a cassação, como o afastamento temporário do cargo. Anteriormente, o grupo tentou emplacar uma pena de “censura escrita” ao peemedebista, mas a alternativa foi rechaçada no Conselho de Ética.
Nesta segunda-feira, Cunha adiou para o início da tarde de terça-feira a formação da comissão especial que irá analisar o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O adiamento fará com que a instalação da comissão ocorra perto do horário previsto para que a sessão do Conselho de Ética finalmente vote o relatório pela admissibilidade do processo de cassação de seu mandato, marcada para 14h. Cunnha, no entanto, negou que o movimento seja mais uma manobra para impedir o trabalho Conselho de Ética.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA) acha que não terá o tempo necessário nesta terça para terminar as discussões e votar a admissibilidade da representação contra Cunha no colegiado. Araújo espera que consiga, pelo menos, encerrar o discurso dos inscritos para falar e, assim, dar início à votação. Mas o presidente do conselho teme que a votação coincida com início da Ordem do Dia no plenário, o que inviabilizaria a apreciação do relatório de Fausto Pinato (PRB-SP), que é pela continuidade do caso de Cunha no conselho. Com o início dessa sessão no plenário, as comissões não podem mais deliberar.
Júnia Gama