‘O desempenho negativo da economia nada tem a ver com o Congresso’
Líderes do Congresso demonstraram ceticismo ontem em relação aos resultados do encontro da presidente Dilma Rousseff com governadores, na quinta-feira. Há dúvidas entre os deputados sobre se os governadores de fato irão se mobilizar para ajudar o governo federal a enfrentar a crise econômica e política.
O deputado Rogério Rosso (DF), líder do PSD, um partido da base, disse que a Câmara cooperou no que pôde para melhorar o quadro econômico, com a aprovação das MPs do ajuste fiscal e do projeto que diminui as desonerações. Mas, para o deputado, o governo não fez sua parte.
– Fico muito preocupado quando querem colocar culpa nos outros de responsabilidade que não é nossa. Sou da base, mas tenho que ser realista. Não é o Congresso que aumenta a taxa de juros, as tarifas de energia, que foi responsável pela redução da atividade econômica e cortou investimentos das estatais. O desempenho negativo da economia nada tem a ver com o Congresso.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), disse acreditar que, em temas que afetem diretamente a vida de estados e municípios, pode haver boa vontade do Congresso.
– A Câmara tem uma posição de muita atenção ao pacto federativo com as questões dos estados e municípios. Se os governadores tiverem uma pauta unificada, poderão sensibilizar o Congresso. Mas é necessário que seja unificado. Se houver disputas regionais, políticas, fica mais difícil – disse Picciani.
Alguns governadores não saíram do encontro satisfeitos com o resultado prático, já que levaram uma pauta de reivindicações, mas saíram sem garantia de que vão ser atendidos.
– Os governadores ouviram conversa para boi dormir e responderam em linguagem de horóscopo. Nada muda – previu o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), disse acreditar na influência dos governadores:
– O sufoco atingiu o ponto máximo, e a tendência agora é refluir. Vamos mostrar para os parlamentares que determinadas matérias que estão na pauta têm forte impacto na União e nos estados. Os governadores podem ajudar.