Partido abre processo para punir seis deputados que apoiam impeachment
Evandro Éboli e Manoel Ventura
-Brasília- A Executiva Nacional do PDT decidiu ontem expulsar os seis deputados da sigla que votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em nota, o partido informou que o Diretório Nacional foi convocado para 30 de maio, a fim de referendar os processos de expulsão desses parlamentares, abertos ontem pela Comissão de Ética do partido.
Esses parlamentares serão também destituídos dos cargos que ocupam na direção do partido em seus estados. O PDT anunciou ainda que recorrerá à Justiça para exigir de volta o mandatodos “infiéis”.
PEDETISTA CRITICA DILMA
Votaram contra a determinação do PDT os deputados Mario Heringer (RJ), Sérgio Vidigal (ES), Giovanni Cherini (RS), Flávia Morais (GO), Subtenente Gonzaga (MG) e Hissa Abrahão (AM). Cherini, no PDT há 28 anos, declarou que o domingo foi um dos dias mais difíceis de sua vida partidária. Ele foi o primeiro parlamentar a ter o pedido de expulsão aberto pelo PDT. Para votar pelo impeachment, ele alegou, como um dos principais motivos, que a presidente não mantém contato direito com o Congresso Nacional.
– Ninguém tem governabilidade neste país se não tiver o apoio deste Congresso. Infelizmente, a presidente nunca atravessou a rua para falar com um deputado ou senador – disse Cherini.
Abrahão, em seu voto, se referiu a sua possível punição:
– Mesmo sabendo que posso sofrer graves sanções partidárias, que posso ser expulso do PDT, e, ter minha candidatura à prefeitura de Manaus, que hoje conta com grande apoio popular, seriamente comprometida, peço desculpas ao PDT nacional, mas não poderei os seguir nesta questão. Voto sim pelo impeachment – disse Abrahão, ao votar anteontem.
PP TAMBÉM PUNE SEUS INFIÉIS
Outros partidos também avaliam como lidar com os que votaram contra a orientação de seus comandos. O líder do PP, Aguinaldo Ribeiro, disse que a votação foi dentro do previsto. O partido, que deixou a base aliada para votar em peso pelo impeachment, deu 38 votos a favor do afastamento de Dilma, quatro contra e quatro abstenções. O PP ameaça expulsar os que se posicionaram contra o impeachment: Waldir Maranhão (MA), vice-presidente da Câmara, Macedo (CE), Roberto Britto (BA) e Ronaldo Carletto (BA).
– Já tomamos providência a respeito dos diretórios. Destituímos da presidência (de um diretório)alguns parlamentares que votaram contra (o impeachment), a começar pelo Waldir Maranhão. A avaliação sobre a expulsão, vamos fazer na próxima semana, vamos conversar, para não tomar uma posição açodadamente.
Outro partido que era da base do governo e majoritariamente votou pelo afastamento de Dilma foi o PSD: 27 votos a favor do impeachment e oito contra. A bancada decidiu apoiar o impeachment, mas o líder Rogério Rosso (DF) disse que quem votou a favor do governo não será punido.
– O resultado da votação no PSD referendou a posição da bancada, que decidiu por maioria apoiar o impeachment. Por isso, orientamos o voto sim. Mas o partido não vai punir quem votou contra, porque não fechamos questão. O PSD é um partido que respeita as posições de seus filiados. (*Estagiário sob supervisão de Paulo Celso Pereira) .