Kassab deve ficar com Comunicações, e Bruno Araújo, do PSDB, com Cidades
Simone Iglesias, Cristiane Jungblut, Isabel Braga e Marla Lima
Brasília – O vice-presidente Michel Temer deseja nomear o médico Raul Cutait, do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, como ministro da Saúde de seu eventual governo e que o PP assuma a indicação como sua. A escolha chegou a ser confirmada ontem pela manhã pelo ex-ministro Eliseu Padilha, mas, à noite, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), deixou o gabinete de Temer às pressas negando que Cutait seja o nome escolhido para a pasta – embora tenha confirmado que o partido terá o comando dos ministérios da Saúde e da Agricultura, além da presidência da Caixa Econômica Federal.
A negociação de espaços-chave do governo com partidos que formaram a base do governo Dilma provocou incômodo no PSDB. Ontem, o presidente nacional do partido, Aécio Neves, criticou o fisiologismo que tem marcado as negociações de Temer com os partidos da base aliada.
– Temos receio que esse governo se pareça muito com aquele que está terminando os seus dias – disse Aécio antes do encontro com Temer.
Após almoçar no Jaburu com o vice-presidente, o tucano reforçou que a legenda não indicará formalmente nenhum quadro para o ministério, embora não vete a participação de quem for convidado. Segundo o tucano, não pode haver uma “baldeação” de pessoas que estão no governo Dilma para o governo Temer.
– Eu disse ao Michel Temer que no caso do seu governo a primeira impressão é a única que existe. É preciso que logo na largada, não apenas na constituição do governo, mas também nas propostas, que gerem esperança, otimismo. O que tem faltado ao país para superar a crise – disse Aécio.
Durante o almoço, Temer sinalizou que pretende indicar o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) para o Ministério das Cidades, conforme antecipado pelo blog Panorama Político. O DEM, por sua vez, pode indicar o deputado Mendonça Filho (PE) para a Educação, conforme antecipado pelo GLOBO.
A escolha de Araújo para as Cidades, no entanto, criou um problema imediato. O comando do PSD reuniu-se à noite com o vice-presidente e deixou clara sua insatisfação em deixar a pasta que comandava no governo de Dilma Rousseff.
– A bancada se sentiria à vontade se não houvesse a descontinuidade do estilo de gestão. Minha percepção é de que a bancada nunca considerou a hipótese de não ajudar na infraestrutura e cidades – afirmou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF) na saída do encontro.
Temer também recebeu o presidente do PSB, Carlos Siqueira. As negociações em relação ao espaço que caberá ao partido avançaram. A tendência é que os socialistas retomem o Ministério da Integração Nacional, desta vez com o deputado Fernando Filho. Seu pai, Fernando Bezerra Coelho, ocupou a mesma pasta no primeiro governo Dilma.
O PV, cuja bancada na Câmara fechou questão a favor do impeachment de Dilma, deverá indicar o deputado Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente.