Dos 65 integrantes, 31 são a favor do impedimento de Dilma, 26 são contra e oito ainda estão indecisos
Levantamento feito pelo GLOBO junto aos parlamentares indica que, dos 65 integrantes da comissão especial do impeachment eleitos ontem, 31 são a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff, 26 são contra e 8 ainda estão indecisos.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu emplacar como relator um de seus aliados mais próximos: o líder do PTB, Jovair Arantes (GO). O acordo, firmado ontem à noite, sem a presença do PT e do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), estabeleceu também que o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), presidirá a comissão.
Pelo acordo, o PT foi impedido de participar até mesmo das vice-presidências da comissão, que ficaram com PSDB, PSB e PR. Dilma já foi notificada ontem, e o prazo de dez sessões para a defesa dela começa a correr a partir de hoje.
Na avaliação de aliados, o governo já começa o jogo na comissão em situação desfavorável, mas ainda é possível virar votos em algumas bancadas. Cálculos otimistas dos governistas estimam em 34 os votos contra o impeachment. A avaliação é bem diferente das contas da oposição, que já calcula pelo menos 36 votos para aprovar o impedimento da presidente.
Segundo deputados aliados do governo, apesar do clima bastante adverso em razão do grampo e do desgaste do ex-presidente Lula, tudo dependerá da força dos movimentos nas ruas e também do que pode vir das investigações da Lava-Jato.
5 INVESTIGADOS NA LAVA-JATO
Cinco deputados que estão sendo investigados na Lava-Jato estão na comissão do impeachment: o petista José Mentor (SP) e os deputados do PP Aguinaldo Ribeiro (PB), Jerônimo Goergen (PP-RS), Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e Roberto Brito (BA). O governo, para petistas, terá que negociar no varejo com cada um dos deputados da comissão e, depois, em plenário, para evitar que a oposição obtenha os 342 votos a favor da abertura do processo em plenário.
– O país precisa de serenidade, de união. A Constituição Federal não tem lado, é para toda a população. Estou ao lado do povo e vou aguardar o parecer técnico para me posicionar – disse Rosso.
– Estou aqui há 22 anos. Sou próximo de todos os deputados, todos os presidentes que passaram aqui e sou próximo também da presidente da República, porque a ajudei nas causas mais importantes que o Brasil precisou. Isso não me impede e não vai me constranger de maneira alguma. Não quero fazer um jogo de futebol Dilma x Cunha – avisou Jovair Arantes.
O primeiro vice-presidente será Carlos Sampaio (PSDB-SP), o segundo vice, Maurício Quintella Lessa (PR-AL), líder do PR, e o terceiro vice, Fernando Coelho Filho, líder do PSB.
Segundo Rosso, o rito do processo do impeachment será obedecido sem protelação ou tentativa de atropelo. A intenção da oposição e de alguns aliados é dar celeridade ao processo, garantindo que as 15 sessões previstas no rito – 10 para a defesa de Dilma e 5 para a votação na comissão – sejam vencidas em três semanas.
Por isso, deputados serão escalados para garantir quórum mínimo de 51 para abrir a sessão nos cinco dias da semana.
A sessão de escolha da comissão foi tensa. A chapa os 65 titulares foi eleita por 433 votos favoráveis e apenas um contra, o do deputado Airton Cirilo (PT-CE). Nela estão os 24 partidos com representantes na Câmara. No PMDB, com a desistência de José Priante (PA), o líder Picciani tentou indicar Altineu Cortes (RJ), que ontem saiu do PR e se filiou ao PMDB. Cunha rejeitou, alegando que a mudança ainda não tinha sido oficializada. Foi eleito para vaga Leonardo Quintão (MG), favorável ao impeachment, empatando em 4 a 4 os votos do partido.
AÇÕES UNIFICADAS NO TSE
No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente, ministro Dias Toffoli, decidiu unificar as quatro ações que pedem a cassação da presidente Dilma Rousseff e do vice, Michel Temer. A medida foi tomada para facilitar a tramitação do caso e evitar que o TSE tome decisões diferentes em processos semelhantes. Já foram incluídas na ação provas da Lava-Jato.