BRASÍLIA – Sem a presença de nenhuma das oito testemunhas de acusação convidadas para depor nesta manhã, no caso do deputado André Vargas (Sem-partido-PR), o Conselho de Ética da Câmara marcou para o dia 1º de julho o depoimento do doleiro Alberto Youssef. O depoimento nesta data foi autorizado pela Justiça e será feito por meio de videoconferência. Além disso, o Conselho aprovou e encaminhou um segundo convite às outras sete testemunhas, para que compareçam no próximo dia 25, às 11h.
Os dirigentes do PT não compareceram e boicotaram a reunião do Conselho de Ética. Foram convidados o presidente nacional do PT, Rui Falcão; o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Apenas Vaccarezza informou que “não estaria em Brasília nas datas referidas”. Já Rui Falcão tem dado declarações de que não recebeu o convite oficial.
Além de Youssef, apenas o empresário Bernardo Tosto, dono do jatinho usado por André Vargas, disse que poderia responder aos questionamentos por escrito. Os demais disseram que não poderiam vir ou não responderam.
O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar Júnior (PSD-SP), informou que, por estar preso, Yousseff teria que ser ouvido em Curitiba ou por meio de videoconferência. E acrescentou que nesta terça-feira o juiz Sérgio Moro autorizou a realização de videoconferência, a partir das 10h, mas que fará um apelo para que ela ocorra à tarde. O deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), ex-presidente do Conselho de Ética, fez um apelo para que o juiz mudasse o horário da oitiva de Youssef, alegando que haverá “festa junina no Nordeste”.
O relator do caso André Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), criticou a ausência dos petistas. Ele disse que o deputado Sibá Machado (PT-AC), em nome do partido, havia se comprometido com o comparecimento dos três petistas,
– Não dá para fazer acordo com essa turma. E nem o Sibá está aqui e ele assumiu o compromisso. Se eles estão querendo levar o caso para perto da eleição, para mim é ótimo. Mais uma vez se demonstra que existe uma proteção de quem pede a expulsão do PT do mandato (de André Vargas). Não é desgaste hoje. Faço com o intuito de cumprir os prazos. O meu desgaste de quer que vir aqui e cumprir minha tarefa – disse Júlio Delgado.
Na mesma linha, Izar Júnior também lamentou a atitude dos petistas.
– Fiquei frustrado com o não cumprimento do acordo. E quero uma PEC para transformar as regras do convite em convocação – disse o presidente do Conselho de Ética.
Da lista de oito testemunhas, o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, também informou que não poderia comparecer nesta quarta-feira.
Foram chamadas as seguintes testemunhas: o doleiro Youssef; Gadelha, Tosto, os donos do laboratório Labogen, Leonardo Mereiles e Esdras Ferreira; e os petistas Rui Falcão, Vicentinho e Vaccarezza. .
Segundo Júlio Delgado, é importante fazer um segundo convite, mesmo sabendo que eles não devem comparecer novamente, a fim de contagem de prazos. Depois, devem ser chamadas testemunhas de defesa, arroladas por André Vargas.
Apesar do recesso branco, por conta da Copa do Mundo, Júlio Delgado disse que quer entregar seu parecer final até dia 17 de julho, última dia de trabalho do Congresso antes do recesso formal, que ocorrerá se for aprovada a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 (LDO) nesta data. A Constituição prevê que só haja recesso oficial se a LDO for aprovada neste prazo.
Durante da sessão desta quarta-feira do Conselho de Ética, os advogados de André Vargas questionaram alguns procedimentos. Dos parlamentares, estavam presentes os deputados José Carlos Araújo (PSD-BA), Izalci (PSDB-DF) e Rosane Ferreira (PV-PR). Ela questionou a viabilidade do encontro
– Não caberá a essa relatoria a responsabilidade de protelação deste processo.
O Conselho de Ética também deu novo prazo para a apresentação da defesa do deputado Luiz Argôlo (SD-BA), para o próximo dia 24. Ele também é acusado de envolvimento com o doleiro Youssef.
DEFESA DE ANDRÉ VARGAS
O advogado Michel Saliba disse que não há acusação formal contra o deputado André Vargas. Ele reiterou que André Vargas tinha uma “relação com o empresário Alberto Youssef”. A defesa reiterou o pedido para que seja suspenso o processo no Conselho, até que o Ministério Público decida se indiciará ou não André Vargas com base na operação Lava-Jato. Mas o pedido vem sendo pelo Conselho.
– Vai se julgar o deputado pelo quê? Ele não foi indiciado. Não queremos protelar nada no Conselho de Ética. O deputado não tem relação com o doleiro Youssef e sim com o empresário Youssef _ alegou Saliba, para quem o Conselho deveria suspender a oitiva das testemunhas até uma decisão formal do Ministério Público sobre o caso, sobre o envolvimento de André Vargas.
Ele também fez o convite a Youssef como testemunha e a outras sete, todas do Paraná.