Deputado suspeito de envolvimento com doleiro tem uma semana para se defender
BRASÍLIA – Por 11 votos a favor e nenhum contrário, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a abertura de investigação do processo por quebra de decoro contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), que também é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato. Apesar de o processo contra Argôlo ter sido instaurado há 15 dias, só nesta terça-feira o conselho conseguiu notificar o deputado Argôlo. O deputado terá até o dia 17 de junho para apresentar defesa por escrito e indicar testemunhas.
Existem dois processos contra Argôlo tramitando no conselho, um apresentado pelo PSOL e outro pela Mesa Diretora, que tem tramitação mais avançada porque dispensa o parecer preliminar. A ideia é apensar os dois processos para que tramitem conjuntamente, mas o presidente do conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), explicou que, por orientação jurídica da Casa, decidiu garantir os trâmites iniciais da representação do PSOL, com a aprovação do parecer preliminar, para não dar margem a qualquer tipo de nulidade dos processos. Após as duas notificações, explicou Izar, os dois processo tramitarão conjuntamente.
O relator do processo, Marcus Rogério (PDT-RO), defendeu a votação de seu parecer a favor da abertura de investigação:
– Admitir ou não admitir, não fará diferença, porque já há representação contra ele apresentada pela Mesa Diretora, que dispensa o julgamento preliminar.
Presente na reunião do conselho, o advogado de Argôlo, Aluísio Correa Regis, reafirmou a inocência do seu cliente, que ontem entrou com pedido de licença médica de 15 dias para tratamento cardiovascular. O advogado afirmou que seu cliente, embora doente, fez questão de vir a Brasília só para ser notificado. E afirmou que é um pleito da defesa a unificação dos processos, mas ressaltou que não teria procuração para receber, em nome do Argôlo, a notificação deste segundo processo.
– Vossas excelências saberão separar o joio do trigo. Para qualquer dúvida, estou pronto a esclarecer. O deputado reafirma a inocência dele e espera que, ao final, tudo esteja bem claro – disse o advogado.
Segundo reportagens publicadas, a Polícia Federal flagrou troca de mensagens entre Argôlo e Youssef, em que dois marcam encontro no apartamento do deputado em Brasília, segundo reportagem. Também há suspeitas de que Youssef tenha repassado R$ 120 mil para o chefe de gabinete do parlamentar. Em outras mensagens interceptadas pela PF, Argôlo pede que o doleiro conseguisse R$ 110 mil para a compra de dois caminhões lotados de bezerros e repasse a ele o nome e a conta onde deveria ser depositado o dinheiro.
A votação do parecer preliminar da representação do PSOL foi adiada na semana passada porque o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) – que ficou conhecido por ter tido que se lixava com o pensamento da opinião pública e já foi julgado no conselho – pediu vista.