Cunha diz não ter preferência por nenhum dos três deputados sorteados no conselho
Daiene Cardoso
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse ontem estar tranquilo sobre o processo por quebra de decoro parlamentar instaurado no Conselho de Ética. Cunha evitou dar detalhes sobre os argumentos que serão usados em sua defesa, mas insistiu que não mentiu em seu depoimento à CPI da Petrobrás sobre a existência de contas no exterior. “Vou provar que não faltei com a verdade”, afirmou.
Cunha voltou a dizer ontem que vai procurar ser célere na apreciação dos requerimentos relativos ao afastamento da presidente da República do cargo, mas não adiantou quando vai deliberar sobre o caso.
O deputado peemedebista é acusado em representação do PSOL e da Rede Sustentabilidade de ter mentido para os integrantes da CPI. Na ocasião, Cunha negou que tivesse contas bancárias no exterior. Segundo a Procuradoria-Geral da República, no entanto, Cunha seria beneficiário de quatro contas bancárias na Suíça.
Aos jornalistas, o presidente da Câmara disse não ter preferência por nenhum relator sorteado na tarde de ontem. Hoje, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), deve decidir entre os deputados Zé Geraldo (PTPA), Vinícius Gurgel (PR-AP) e Fausto Pinato (PRB-SP). “Não tenho que contestar, não tenho de falar nada, tenho de me defender”, declarou Cunha.
Araújo afirmou que o presidente da Câmara será tratado como qualquer outro parlamentar durante o julgamento do pedido de cassação de seu mandato apresentado por PSOL e Rede Sustentabilidade.
Defesa. Cunha pretende se reunir com advogados hoje para formatar sua defesa na Câmara dos Deputados, mas adiantou que a atuação dos advogados será diferente da que está em andamento no Supremo Tribunal Federal. Ele desconversou sobre a possibilidade de antecipar sua defesa no colegiado. “Talvez sim, talvez não, ainda não pensei sobre isso”, afirmou o peemedebista.
Questionado sobre a permanência no cargo mesmo com um processo que pode culminar com a cassação de seu mandato, o deputado peemedebista disse não ver “nenhum problema” na situação. Pela primeira vez em sua história, o colegiado vai instaurar um processo por quebra de decoro parlamentar contra um presidente da Casa no exercício do mandato.
O Ministério Público pediu ao Supremo Tribunal Federal inquérito para apurar se as contas na Suíça foram abastecidas com propinado esquema de corrupção da Petrobrás investigado na Operação Lava Jato.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou em agosto passado ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados por suposto envolvimento no esquema instalado na estatal petrolífera. Ele também é alvo de inquérito no STF.
Impeachment. Sobre os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha voltou a dizer ontem que vai procurar ser célebre na apreciação dos requerimentos relativos ao afastamento da presidente da República do cargo, mas não adiantou quando vai deliberar sobre o caso.
O presidente da Câmara dos Deputados afirmou que optou pelo silêncio sobre o assunto para não alimentar o que chamou de “fofocalhada”. “Ficar especulando sobre isso não faz bem a ninguém. Pretendo decidir tão célere quanto a minha convicção permitir. Quando fizer, vocês vão saber”, declarou Eduardo Cunha ontem.
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Defesa
“Vou provar que não faltei com a verdade”
Eduardo Cunha
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (PMDB-RJ). SOBRE SUA AFIRMAÇÃO NA CPI DA PETROBRÁS DE QUE NÃO TEM CONTAS NO EXTERIOR
“Não tenho que contestar, não tenho de falar nada, tenho de me defender”
Idem
SOBRE A ESCOLHA DO RELATOR DO PROCESSO DE CASSAÇÃO DE SEU MANDATO