Planalto dá aval para que escolha do presidente da Câmara seja na quarta; reunião da Mesa precisa referendar decisão hoje
Vera Rosa
Julia Lindner
Com aval do Planalto, deputados fecharam ontem acordo para antecipar a eleição à sucessão na Câmara para as i9h de quarta-feira. O acordo ainda precisa ser referendado hoje, em reunião da Mesa Diretora da Casa.
Em encontro com integrantes do Centrão, na casa do líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), um dos favoritos na disputa, deputados decidiram pressionar o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-PE), a rever sua decisão de convocar a eleição para a quinta-feira. Segundo parlamentares presentes nesta reunião, Maranhão concordou com a mudança da data.
A negociação passou também pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que integra a antiga oposição e deve ir para a disputa contra Rosso. Maia tem apoio de Maranhão e negocia aliança com o PT. Maia diz que foi procurado pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE). “Eu não defendi nem terça, nem quinta, e sim um meio termo”, afirmou Moura.
Na prática, Maia se tornou o principal interlocutor do presidente interino da Câmara nas negociações. Ao longo do dia, o deputado chegou a atender o telefone de Maranhão diversas vezes.
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também conversou com Maia em busca de um acordo. “Eu falei com o Rodrigo e com o André Moura e fiz uma ponderação: não é bom que a eleição seja na quinta, às vésperas do recesso parlamentar“, disse Geddel ao Estado.
Sem conseguir unificar a base aliada em torno de um único candidato, o Planalto operou para antecipar a eleição por avaliar que, quanto mais tempo passar, o racha será maior. Na sema
na passada, Maranhão disse ao presidente em exercício Michel Temer que gostaria de permanecer no cargo.
Impasse. O impasse sobre a sucessão na Câmara começou após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), há quatro dias, quando Maranhão decidiu convocar a eleição para quinta-feira. Líderes do Centrão propuseram, então, que a disputa ocorresse dois dias antes, na terça.
A proposta foi interpretada como uma manobra, já que neste dia está prevista a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para decidir se acata recurso de Cunha contestando o parecer que recomenda sua cassação. Diante do imbróglio, surgiu a ideia da eleição na quarta-feira.
Criticado por negociar apoio do PT, Maia jantou com o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), no fim de semana, no Rio. O PSDB é um dos partidos que podem apoiá-lo.
O deputado do DEM disse ao Estado que Temer avalizou sua iniciativa de conversar com diversas siglas e negou o mal estar entre partidos da base. O Centrão, por sua vez, aponta a influência de Moreira Franco na operação para alavancar a candidatura de Maia.
Contrariado com esses rumores, Moreira postou no Twitter que o governo não deve atuar na sucessão de Cunha.
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Tarso critica apoio do PT
Em carta dirigida a seus companheiros de partido, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro criticou a intenção do PT de apoiar a candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara e disse que é preciso denunciar este ‘novo capítulo de destruição do PT’.