BASTIDORES: Caio Junqueira
A agonia política que vive o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, expôs a divisão do Centrão, grupo por ele liderado e no qual sempre esteve baseada sua força. Com quase metade dos 513 deputados, o Centrão se vê em uma disputa interna pelo espólio político de Cunha que pode acabar abrindo espaço para que um candidato do PMDB se viabilize. A cisão se dá entre a cúpula do grupo, que defende o nome do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), para suceder a Cunha; e a base do grupo, que se articula em outras frentes.
Uma delas é encampada pelo segundo-vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (pR-PR), cujo nome tem crescido no baixo clero. Ele tem apoio de Valdemar Costa Neto, liderança oculta do partido que, mesmo condenado no mensalão, atua para consolidar o nome de seu correligionário. Outro partido do Centrão, o PP, também se dividiu na disputa. O líder Aguinaldo Ribeiro (PB) defende nos bastidores o nome de Rosso, mas o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), trabalha pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que integra a antiga oposição (PSDB, DEM e PPS). Seu encontro com o ex-presidente Lula semana passada foi uma tentativa de atrair o PT para Maia.
O primeiro-secretário da Casa, Beto Mansur (PRB-SP), outro expoente do Centrão, também tenta se viabilizar. Neste cenário, se em um primeiro momento o Planalto via na pulverização de nomes uma ameaça de racha na base, agora considera que, com muitos candidatos, o PMDB também tem o direito de disputar. O mais cotado é Osmar Serraglio (PMDB), presidente da CCJ, dentro de um acordo com o PSDB para que os tucanos indiquem o nome do presidente no próximo biênio. Se vingar, os tucanos conseguirão se consolidar como aliado preferencial da gestão Temer no Congresso. E, ao Centrão, caberá se recompor.