Um dos principais articuladores do Centrão na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO) classificou de ‘idiotice’ as declarações de Torquato Jardim
Igor Gadelha
Líderes do chamado Centrão na Câmara dos Deputados reagiram ontem às declarações do novo ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim. Em entre- vista concedida antes de assumir o cargo em Teresina (PI), o ministro afirmou que o Centrão foi montado “em nome da corrupção e da safadeza”.
“Prefiro ficar calado do que responder idiotice. Idiotice não se responde”, afirmou o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), um dos principais articuladores do Centrão. Para oparlamentar goiano, o novo ministro tem o dever de explicar sua declaração. “Temos certeza que fazemos política da melhor qualidade, centrada na responsabilidade ética e democrática.”
Para o líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), a declaração do ministro da Transparência é um “absurdo”. “Trata-se de uma acusação gravíssima. Ele precisar aprovar o que disse”, afirmou. O parlamentar disse que aguardará as explicações públicas de Torquato Jardim para, ao lado dos outros líderes partidários do centrão, “tomarmos as medidas necessárias”.
Rosso também criticou a declaração dada pelo ministro, na mesma entrevista, na qual Torquato diz não acreditar que a Operação Lava Jato trará mudanças concretas ao País.”A Lava Jato é um divisor de águas na política brasileira. E ele virou ministro exatamente em função dela”, disse o deputado, lembrando que Torquato assumiu o cargo, após a divulgação de áudio em que o antigo titular da pasta critica a operação.
O líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), também cobrou explicações. Para Ribeiro, o novo ministro “começa mal”e as declarações criaram um “constrangimento” para o governo na base aliada do governo no Congresso. “Não posso levar a sério a declaração de quem, em um artigo, defende a cassação do presidente e, para virar ministro, volta a atrás”, afirmou o parlamentar paraibano.
Ribeiro se refere a artigo publicado por Torquato Jardim, em que ele defende que, caso a presidente afastada Dilma Rousseff tenha seu diploma cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mesmo deve ocorrer com o presidente em exercício Michel Temer. Os dois são alvo de pelo me-
nos quatro ações ajuizadas na corte eleitoral pelo PSDB nesse sentido. Na avaliação do novo ministro, “a eleição do vice é mera decorrência da eleição do titular”.
Discurso. Embora ainda não admitam publicamente, os líderes do centrão já analisam a possibilidade de adotar um discurso em defesa da saída de Torquato Jardim do cargo, o qual ele assumiu há três dias. Os líderes consideram que o novo ministro não tem condições de permanecer no governo, mas ainda calculam o impacto político que a demissão de mais um ministro do governo Temer poderá provocar.
Caso Jardim seja demitido, será o segundo titular do mesmo ministério a deixar a pasta e o terceiro ministro de Temer a sair do cargo em menos de um mês de governo. Na segunda-feira, Fabiano Silveira pediu demissão do cargo de ministro da Transparência, após divulgação de áudio em que orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a como agir em relação às investigações da Lava Jato.
Na semana anterior, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) também pediu demissão do cargo de ministro do Planejamento, após defender “estancar” a operação. Assim como no caso de Silveira, as declarações de Jucá também foram gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Críticas
“Temos certeza que fazemos política da melhor qualidade, centrada na responsabilidade ética e democrática”
Jovair Arantes (GO)
LÍDER DO PTB NA CÂMARA E ARTICULADOR DO CENTRÃO
“A Lava Jato é um divisor de águas na política brasileira. E ele (Torquato Jardim) virou ministro (da Transparência) exatamente em função dela”
Rogério Rosso (DF)
LÍDER DO PSD NA CÂMARA