Após divulgação de interceptação telefônica, deputados pediram renúncia da presidente Dilma; partidos da base avaliam saída do governo
Daniel Carvalho/Juliana Lindner/Brasília
A oposição ao governo na Câmara pediu ontem à noite a renúncia da presidente Dilma e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após a divulgação de uma ligação telefônica em que os dois conversam sobre a entrega do termo de posse de Lula como ministro da Casa Civil.
Além disso, partidos com cadeira na Esplanada começaram a fazer movimentos para deixar o governo. O primeiro deles foi o PRB, dono do ministério do Esporte. Nomeado no começo do ano passado, George Hilton (MG) deixou a pasta. Hoje o PSD e o PTB vão discutir a possibilidade de entregar os cargos.
O líder do PSD na Câmara, deputado Rogério Rosso (DF), considerou “gravíssima” a gravação. Antes da divulgação do áudio, ele já havia avaliado como “perigosa” a nomeação do ex-presidente para a Casa Civil.
“A casa caiu. A presidente está fazendo obstrução da Justiça. Entendemos que ela é passível de interdição. Vamos pedir a renúncia de Dilma e que se cumpra voz de prisão ao ex-presidente Lula”, afirmou o líder do DEM, PauderneyAvelino (AM). “Não tem outro caminho senão a renúncia”, reforçou o líder do PSDB.Antonio Imbassahy (BA).
“Espera-se que amanhã (quarta-feira), a partir das 6h da manhã, a Polícia Federal esteja na porta da residência do ex-presidente Lula”, disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE). “Renúncia é o mínimo que ela podería oferecer ao povo brasileiro”, completou.
“O governo acabou. Ambos não merecem outro lugar, senão a prisão”, afirmou Rubens Bueno (PR), líder do PPS.
O vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Betinho Gomes (PE), afirmou que ingressará com uma denúncia formal na Organização das Nações Unidas (ONU) apontando que o Brasil feriu convenção da entidade de 2003 para combate à corrupção ao nomear Lula para o ministério. De acordo com o deputado, a formalização da denúncia será feita assim que a nomeação for oficializada no Diário Oficial da União (DOU).
Ruas. Partidos de oposição apostam na pressão das ruas sobre os parlamentares para impedir que o ingresso do petista no Palácio do Planalto reverta a atual crise política e esfrie os ânimos favoráveis ao impeachment. “Vai haver eleição em outubro e os deputados não moram em Brasília. Alguns serão candidatos, outros apoiarão candidatos ) e serão cobrados”, afirmou Pauderney Avelino. “Parlamentares são sensíveis às mas”, salientou. “O ambiente está muito conturbado. Lula está sendo acossado pela Justiça, a qualquer momento pode virar réu. Não tem margem para manobra.”
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Ataques
“A casa caiu. (…) Vamos pedir a renúncia de Dilma e que se cumpra voz de pns; ao ex-presidente Lula.” Paudemey Avelino (AM)
LÍDER DO DEM
“O governo acabou. Ambos não merecem outro lugar, senão a prisão.”
Rubens Bueno (PR)
LÍDER DO PPS
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COLABORARAM ADRIANO CEOLIN, IOOR GADELHA ERICH DECAT