O Estado de S. Paulo: Congresso vê 1º passo para reconstruir base

Para líderes partidários, reforma de Dilma é o ato inicial para melhorar a relação do Executivo com 0 Legislativo

Adriano Ceolin / Brasília

Líderes partidários avaliaram ontem que a conclusão da reforma ministerial é só o primeiro passo para a reconstrução da base do governo no Congresso. É quase unânime a constatação de que a presidente Dilma Rousseff se colocou na linha de frente para melhorar sua relação com o Legislativo. Contudo, ninguém dá certeza de que os novos ministros garantirão todas as vitórias que o Palácio do Planalto precisa.

O maior desafio reside na Câmara dos Deputados. O presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mantém-se na oposição, apesar de ter melhorado sua relação com a presidente nas últimas semanas. A interlocutores próximos, Cunha afirmou que a reforma ministerial não provoca nenhuma alteração na sua conduta. Ele também avaliou que a troca de cadeiras atendeu mais o PT que o PMDB, pois finalmente Aloizio Mercadante deixou a Casa Civil.

Dentro do PMDB, no entanto, a influência de Cunha sobre abancada deverá ser abalada pelo fortalecimento do líder Leonardo Picciani (RJ), que conseguiu indicar dois ministros sem provocar sequelas. “Ele soube ouvir a bancada, até mesmo os oposicionistas”, disse o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR).

Dos 66 deputados do partido só 22 se posicionaram contra, mesmo assim só fizeram isso quando as indicações já eram um feto consumado.

Nos demais partidos, a avaliação é de que o “ambiente melhora”, mas é preciso esperar quais serão os próximos passos do governo. “Dilma cumpriu uma etapa importante, mas ainda estamos no começo do processo de retomada da governabilidade”, disse o deputado Rogério Rosso (DF), líder da bancada do PSD, que possui 34 integrantes. “Só vamos saber se deu certo mesmo quando conseguirmos vitórias importantes em votações.”

Cedo. Dono de 19 cadeiras na Câmara, o PDT ganhou um novo ministério – deixou o Trabalho e assumiu as Comunicações. Então líder da bancada, André Figueiredo (CE) será o ministro. “Sem dúvida, isso tem um peso muito grande, mas ainda é cedo para fazer avaliação dos resultados efetivos”, disse o deputado Afonso Mota (RS), que deve assumir a liderança no lugar de Figueiredo.

O PTB conseguiu manter seu ministro: o senador Armando Monteiro (PE) segue no comando da pasta de Indústria e Comércio, apesar das críticas públicas que ele fez contra aos cortes no Sistema S. Na Câmara, a bancada de 25 deputados tem como líder Jovair Arantes (GO). Ele também acha que a reforma não resolve todos os problemas da governabilidade. “Vão liberar emendas e concluir obras nos municípios? Ano que vem tem eleição e nossa base nos Estados é formada por prefeitos e vereadores “, disse.

Mesmo com as incertezas colocadas pelos partidos da base, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), ressalta que a presidente sinalizou “tuna mudança profunda” na relação com o Congresso. “Ela foi generosa. Temos uma nova configuração política”, afirmou.

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