Campeonato Brasileiro
Polêmicas de pênaltis nos jogos no meio de semana, com dirigentes, atletas e técnicos reclamando dos juízes, esquentam a última rodada do 1º turno
Almir Leite
A última rodada do primeiro turno do Brasileiro começa hoje com os árbitros pressionados, mas também impondo pressão. A temperatura contra eles voltou a subir por causa de interpretações polêmicas, sobretudo em lances de pênaltis, ocorridas nas rodadas anteriores. Mas os homens do apito também ganharam destaque pelos protestos feitos no meio de semana contra o veto a um artigo do Profut que lhes possibilitaria receber direito de arena.
Os protestos estão suspensos temporariamente. Não serão realizados hoje e amanhã, embora os árbitros tenham decidido adotar o “estado de paralisação” – situação semelhante ao estado de greve – por 30 dias. Mas, durante as partidas, eles estarão sujeitos a ser alvos de manifestações de treinadores e jogadores, como as que ocorreram durante a semana após jogos realizados no Mineirão e Arena Corinthians.
O mais recente protesto veemente contra a arbitragem foi feito pelo técnico do Atlético-MG, Levir Culpi. Ele não se conformou com o fato de, na derrota por 2 a 0 para o Grêmio, na quinta-feira, o juiz paraense
Dewson Fernando Freitas não ter marcado pênalti num lance em que Leonardo Silva chutou contra o gol gaúcho, mas a bola foi desviada ao tocar no braço de Erazo. O lance foi bem parecido ao que Luiz Flavio de Oliveira, no dia anterior, marcara pênalti a favor do Corinthians contra o Sport, em jogada envolvendo Guilherme Arana e Rithely.
“Espero que o diretor de arbitragem dê uma entrevista e me convença do que aconteceu com o zagueiro do Grêmio, se é pênalti ou não. O jogo estava o a o. E a gente fica preocupado, porque sempre tem uma coisa por trás nesse país”, chiou Levir. Ele se referiu ao fato de Manuel Serapião Filho, diretor da escola de arbitragem, ter dito que o São Paulo teve um pênalti não marcado no clássico contra o Corinthians, num lance em que também teve contato da bola com o braço de um jogador. Aquela partida foi dirigida por Leandro Vuaden.
O Sport também saiu da rodada na bronca, principalmente porque um juiz paulista foi designado para apitar o jogo com o Corinthians – que venceu por 4 a 3, com o gol da vitória feito após pênalti polêmico. O time pernambucano criticou duramente Luiz Flavio de Oliveira, mas a maior revolta foi contra a CBF. A ponto de o clube anunciar que recorrerá à Justiça com uma ação de perda e danos contra a entidade.
A decisão da CBF de escalar árbitros e auxiliares locais em vários jogos tem sido criticada por técnicos e jogadores.
Tranquilidade. O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, disse que a chiadeira nos últimos jogos não deve influenciar os juízes neste final de semana. “Os lances comentados são polêmicos, de interpretação. Nem se pode considerar erros.”
Martins informou que não haverá protesto nesta rodada, por causa das manifestações previstas contra o governo Dilma Rousseff. “Não vamos misturar as coisas.”
Outro motivo é que foi aberto um canal de negociação com o governo e o Congresso – que tem poderes para derrubar o veto de Dilma ao artigo pelo qual receberiam 0,5% do valor pago pela transmissão dos jogos como direito de arena.
Ele informou que os árbitros terão audiência no Ministério do Esporte. E, na terça-feira, o deputado federal e ex-juiz Evandro Rogério Roman será recebido na Casa Civil para discutir o pleito da categoria.